5 espaços sustentáveis para conheceres nas Caldas da Rainha
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O Mês do Granel encheu-se de eventos, conversas, workshops mas, mais importante, uniu uma rede de clientes e lojistas que só querem ver Portugal a comprar de forma mais consciente. A Peggada fez um resumo do que de mais importante fica deste mês que devia durar o ano inteiro.
52 lojas aderentes, 93 eventos de norte a sul, dezenas de diretos no Instagram, centenas de embalagens evitadas. O Mês do Granel acaba com o fim de março, mas o que se ganhou nestes 31 dias fica para sempre.
Sempre foi essa a intenção da Liga.Ação, da Zero Waste Lab e da Maria Granel, os três projetos que lideraram esta campanha em Portugal, com o apoio da Peggada, onde foste sempre encontrando todos os eventos que celebraram o granel, além de ter servido de palco para várias conversas com lojistas e embaixadores.
Sara Morais Pinto, co-fundadora da Zero Waste Lab, explica à Peggada que o propósito da associação é promover o movimento lixo zero e as cidades sem lixo. Isto não se faz num dia, mas faz-se aos poucos. “A venda a granel tem um impacto na diminuição de embalagens e também no combate ao desperdício alimentar”, refere.
Além disso, a responsável lembra o quão importante foi para todos estes lojistas sentirem esta rede de apoio. “Assistimos a uma mobilização de lojas, clientes e cidadãos comuns que se juntaram em prol desta iniciativa. Todos com um forte sentido de responsabilidade e dedicação, e também com criatividade e alegria de quem se sentiu como parte de uma comunidade”, conclui
Além de dar a conhecer esta forma de comprar que evita o desperdício, esta campanha foi pensada para alertar para uma mudança urgente das leis que ainda limitam a venda de alguns produtos.
“Queremos ver um grupo parlamentar para a questão da flexibilização da venda a granel, apoiando o comércio local e todos os que decidem vender a granel”, explica Sara.
Eunice Maia, fundadora da loja Maria Granel e uma das promotoras desta campanha, lembra a urgência de uma mudança na regulação “que está em contraciclo com o se passa no resto da Europa e do mundo. Uma legislação ambígua, em
vários casos obsoleta (anos 90 do século passado e início dos anos 2000), que não reflete a evolução do granel dos nossos dias”, refere.
O Mês do Granel terminou com um evento que juntou embaixadores, lojistas, governo e todos os protagonistas desta vontade de fazer mais pelo planeta.
Aproveitando o Dia Internacional do Lixo Zero, que se celebra a 30 de março, esta comunidade juntou-se na Fundação Calouste Gulbenkian para debater “Qual o papel do granel na ação climática?”.
O granel foi o tema central de todas as intervenções e Paulo Fonseca, coordenador do departamento jurídico e económico da Deco, foi assertivo na sua declaração: “Temos que tornar o granel uma regra, não a exceção”. O responsável lembrou ainda as várias vantagens do granel e que vão além do ato de comprar. “É toda uma lógica de proximidade, de sabermos que estamos a ajudar a escoar os produtos locais”, refere, acrescentando que, atualmente, é também uma eficaz forma de evitar a recente reduflação — prática de reduzir a quantidade de produto nas embalagens mantendo o preço, ou até aumentando.
Já Susana Fonseca, da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, falou diretamente para os membros do governo, lembrando que “não tem havido vontade política de progredir”.
A especialista refere que há, acima de tudo, um grande desconhecimento sobre a área do granel e que, por isso, muitas vezes se usa as questões de segurança e higiene para não fazer diferente.
Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e da Ação Climática, mostrou-se aberto a essa mudança, falando da necessidade de facilitar a vida a quem quer abrir uma loja a granel e, por outro lado, oferecer vantagens a quem compra sem embalagens.
Eunice Maia aproveitou o momento para apresentar a proposta de flexibilização que vai lançar as bases para a redação de uma carta aberta que (re)ative um grupo de trabalho parlamentar dedicado a este tema.
Entre os vários pontos abordados está a necessidade de levantar algumas das proibições que ainda existem na venda a granel, como acontece com produtos como o arroz, o açúcar. o azeite e o mel.
“O granel está ao serviço da ação climática e é urgente a revisão do seu enquadramento legal para que se democratize e possa cumprir o seu papel e a sua missão: contribuir para um sistema alimentar mais sustentável; ajudar as pessoas a reduzir o desperdício alimentar e prevenir a produção de resíduos”, conclui Eunice Maia.
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