No último ano, o custo dos alimentos tornou-se uma questão importante para os consumidores europeus, incluindo os portugueses.
A ANP|WWF divulgou os resultados de um inquérito europeu que mostra que três em cada quatro consumidores europeus defendem que os alimentos sustentáveis devem ser mais baratos ou que, pelo menos, devem custar o mesmo que os alimentos que não são sustentáveis.
O preço dos alimentos é uma preocupação e um fator de ansiedade para os cidadãos, tendo sido indicado como o principal obstáculo ao seu consumo — nos últimos 12 meses, a alimentação sustentável tornou-se uma questão importante para 47% dos inquiridos.
A maioria dos consumidores europeus considera que os grandes fabricantes têm muita ou total responsabilidade em garantir que os alimentos que vendem são produzidos de forma sustentável (75%) e acredita que devem ser obrigados a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa (71%). Mais de metade acredita que as empresas de retalho alimentar devem comprar mais alimentos de produtores sustentáveis e deixar de anunciar os seus produtos menos sustentáveis.
Os inquiridos afirmam ainda que as cantinas do setor público (escolas, hospitais e universidades) são um bom ponto de partida para tornar os alimentos sustentáveis mais acessíveis. Oito em cada dez inquiridos concordam que estas cantinas devem oferecer sempre pelo menos uma opção à base de vegetais.
O estudo apresenta ainda resumos individuais por país com base nos seus principais destaques. Os portugueses apontaram as alterações climáticas como uma das cinco questões mais preocupantes atualmente. Além disso, estão mais propensos do que a média a afirmar que:
- as cantinas públicas e as empresas devem assumir responsabilidade e ação para garantir a sustentabilidade dos seus produtos, esperando mais dos grandes retalhistas do que das pequenas e médias empresas;
- os pequenos e médios retalhistas de produtos alimentares têm alguma ou nenhuma responsabilidade em garantir que os alimentos que vendem são sustentáveis;
- todas as empresas do setor alimentar devem reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, obter mais ingredientes de produtores de alimentos sustentáveis e utilizar mais tipos de vegetais ou animais (por exemplo, ovelhas, vacas e galinhas), ou variedades de vegetais ou animais (por exemplo, diferentes tipos de tomates) como ingredientes nos seus produtos;
- os alimentos sustentáveis devem custar mais do que os alimentos não sustentáveis (28% vs 20%).
Para Tiago Luís, Coordenador de Alimentação da ANP|WWF, este estudo é mais uma prova de que “as pessoas estão inequivocamente motivadas para adotarem hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis, mas encontram dificuldades no acesso a estes alimentos”. Em comunicado, diz ainda que “no que diz respeito ao preço a que estes alimentos chegam até aos consumidores, é aqui que os governos europeus podem e devem intervir e parar de financiar produção alimentar que não respeita os limites do planeta (…). A Comissão Europeia deve aproveitar as discussões em torno da Lei Europeia dos Sistemas Alimentares Sustentáveis para discutir e procurar soluções que tornem a produção alimentar mais resiliente e sustentável”.
O estudo sobre hábitos alimentares envolveu 11 países da UE (Áustria, Bélgica, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Portugal, Suécia, Alemanha, Espanha, Polónia) e o Reino Unido e está integrado no Eat4Change, um projeto que pretende envolver os cidadãos na adoção de dietas mais sustentáveis, mas também trabalhar com empresas e autoridades para que sejam adotadas práticas de produção sustentável.
Podia ter entrado em Meteorologia e Oceanografia, mas acabou por estudar Comunicação. E ainda bem, porque se não acertam nas previsões, não era ela que iria mudar isso. Começou por procurar ideias e projetos sustentáveis para a universidade e desde aí, nunca mais parou (quem é que para realmente?). Adora ver séries, mas vê poucas porque é uma pessoa difícil. Já para abraçar novos hábitos e desafios mais “verdes”, não precisa de muito para a convencer.
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