Vários investigadores e organizações já estão de olhos postos em 2025 e no que o próximo ano poderá reservar na área da sustentabilidade.
As perspetivas do serviço meteorológico nacional do Reino Unido – o Met Office – sugerem que é provável que 2025 seja um dos três anos mais quentes para a temperatura média global desde que há registo, ficando logo atrás de 2024 e 2023.
Apesar de o padrão de variação climática natural El Niño (que teve um efeito de aquecimento em 2023 e 2024) ter diminuído, o próximo ano prevê-se quente em grande parte devido ao aumento da concentração de gases com efeito de estufa, uma tendência que tem tornado todos os anos mais quentes.
“Curiosamente, as temperaturas globais quentes previstas para 2025 ocorrem apesar de o Pacífico tropical estar a passar para uma fase La Niña, que está a provocar condições ligeiramente mais frias (…). Anos como 2025, que não são dominados pela influência do aquecimento do El Niño, deveriam ser mais frios”, explica o professor Adam Scaife, que lidera a equipa responsável pela previsão global do Met Office para 2025.
Prevê-se que a temperatura média global para 2025 se situe entre 1,29 °C e 1,53 °C (com uma estimativa central de 1,41 °C) acima da média do período pré-industrial (1850-1900). Esta projeção sugere que 2025 será provavelmente o terceiro ano consecutivo em que as temperaturas deverão exceder 1,3 °C.
Em 2025, a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP30) irá realizar-se entre 10 e 21 de novembro, na cidade amazónica de Belém, no Brasil, uma década após a conclusão do Acordo de Paris.
A COP30 será particularmente importante para tentar garantir planos de ação climática atualizados e mais ambiciosos. Como parte do Acordo de Paris, espera-se que os países apresentem novos planos no início de 2025, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC). Os NDC constituem a espinha dorsal dos esforços globais para limitar o aquecimento, mas atualmente estão muito aquém do nível de ambição necessário.
“Será desenvolvida uma estratégia consolidada da WMO [World Meteorological Organization] para apoiar os países na atualização dos NDC e dos Planos Nacionais de Adaptação (PNA) de modo a refletir estes elementos. Um elemento crítico será o posicionamento dos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais (NMHSs) como a voz autorizada dos avisos hidrometeorológicos precoces e atores centrais na promoção de soluções baseadas na ciência, assegurando o seu papel reforçado na implementação de políticas e estratégias climáticas em todo o mundo”, lê-se num artigo da WMO.
A ONU compromete-se ainda a prosseguir “os esforços iniciados em 2024 para melhorar a proteção da floresta tropical e de outros ecossistemas, nas conversações sobre biodiversidade que serão retomadas em Roma em fevereiro”.
“Abordar a perda da natureza exige mais do que métricas e divulgação, exige uma transformação sistémica da forma como as economias funcionam. Os sistemas financeiros devem alinhar-se com objetivos ambientais urgentes, incluindo a proteção de 30% do planeta até 2030 (o objetivo 30×30). Esta transição requer a priorização do capital natural, o desenvolvimento de mecanismos financeiros inovadores e a garantia de que os investimentos cheguem a áreas críticas de biodiversidade”, lê-se no Trend Report Nature Finance da ONU.
Propor e adotar novas metas é um “reconhecimento de que as atuais promessas são totalmente inadequadas em termos de redução das temperaturas e faz parte do acordo que os Estados-Membros assinaram em 2015 na COP de Paris (espera-se que as nações “aumentem” os seus compromissos de cinco em cinco anos. A última vez que tal aconteceu foi na COP de Glasgow de 2021, adiada por um ano devido à pandemia de COVID-19)”, relembra a ONU.
Depois do acordo para o financiamento climático pago aos países em desenvolvimento (triplicando para 300 mil milhões de dólares por ano até 2035) ter sido apontado como insuficiente, a ONU espera que sejam feitos mais progressos em matéria de financiamento em 2025, numa cimeira que terá lugar em Espanha no final de junho, realizada a cada dez anos.
“A edição do próximo ano é anunciada como uma oportunidade para introduzir mudanças radicais na arquitetura financeira internacional. As preocupações ambientais e climáticas serão levantadas e potenciais soluções como a tributação verde, o preço do carbono e os subsídios estarão em cima da mesa”, refere a ONU.
A inteligência artificial está a revolucionar os esforços de sustentabilidade. As ferramentas de IA estão a otimizar as cadeias de abastecimento, a melhorar a eficiência energética e a permitir a tomada de decisões em tempo real para minimizar os resíduos e as emissões. As empresas estão a tirar partido da IA para prever riscos ambientais e implementar mais rapidamente tecnologias de baixo carbono.
Por exemplo, a análise baseada em IA pode ajudar a identificar ineficiências nas operações, oferecendo soluções práticas para melhorar a sustentabilidade. Estes avanços facilitam às organizações a incorporação de práticas sustentáveis nas suas operações quotidianas e a promoção de mudanças a longo prazo.
À medida que os riscos climáticos aumentam, é fundamental criar resiliência. Os projectos de infra-estruturas verdes, como parques concebidos para gerir as águas das cheias ou edifícios que resistam a condições meteorológicas extremas, estão a tornar-se essenciais. As empresas estão a investir em soluções baseadas na natureza, como a recuperação de ecossistemas, para fazer face à perda de biodiversidade e aos impactos climáticos. Estas iniciativas não só atenuam os riscos como também criam valor a longo prazo para as comunidades.
Até 2025, os indicadores ESG (Environmental, Social and Governance), que em Portugal traduzimos para ‘Ambiente, Social e Governação’, deixarão de ser vistos como uma preocupação periférica e passarão a estar plenamente integrados nas estratégias fundamentais das empresas líderes. Esta mudança é motivada pelo reconhecimento crescente de que os factores ESG são fundamentais para o sucesso e a resiliência das empresas a longo prazo.
As empresas irão cada vez mais encarar o ESG não apenas como uma questão de conformidade, mas como um motor de criação de valor a longo prazo, aumentando a sua competitividade num mercado global em rápida mutação.
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Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
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