Os objetos foram recolhidos em Sesimbra durante a maior limpeza subaquática do mundo e têm um custo simbólico, que corresponde ao tempo que levariam a decompor-se na natureza.
Um computador portátil, um tambor de máquina de lavar roupa, um boneco Darth Vader e um triciclo. Estes foram alguns dos objetos lançados ao mar e que agora fazem parte da “loja dos objetos que ninguém quer” – a primeira loja temporária do mundo com artigos resgatados do oceano.
Os 13 artigos selecionados estão expostos no espaço Backwash, na Gran Vía de Madrid, e fazem parte de mais de 3 toneladas de lixo recolhido em Sesimbra, com o apoio da EDP. O objetivo desta “loja” é sensibilizar para a urgência de proteger a vida marinha e combater as mudanças climáticas.
Cada objeto exposto tem um custo associado, mas em vez do tradicional preço para o cliente, o valor representa o custo para a Terra — o número de anos que o artigo precisa para se decompor. O computador portátil e o tambor de máquina de lavar roupa levariam mais de 500 anos para se decompor, por exemplo.
Os períodos de decomposição — que dependem do material e das condições ambientais em que se encontra — foram calculados recorrendo a estudos científicos, com aproximações na ordem das centenas de anos.
Os valores podem ser convertidos em doações que serão entregues à organização não-governamental (ONG) The Ocean Cleanup, “que desenvolve e utiliza tecnologias avançadas para remover o lixo de plástico dos oceanos em todo o mundo”, explica a EDP em comunicado.
A loja temporária pode ser visitada de forma gratuita até 30 de junho na Gran Vía nº. 66 ou virtualmente (e também assim se podem fazer doações). No espaço físico, os visitantes podem conhecer várias iniciativas associadas à proteção dos oceanos que ocorreram nas últimas semanas, juntamente com organizações comprometidas com a causa.
A maior limpeza subaquática do mundo
“Todos os anos, cerca de 12 milhões de toneladas de plástico, o equivalente a mais de 100 mil baleias azuis, são despejadas nos oceanos, um ecossistema gigante que abriga cerca de 80% de toda a vida no planeta”, refere a EDP.
Nesta campanha, organizada pela ONG portuguesa Oceanum Liberandum com o apoio da EDP, os objetos foram resgatados do fundo do mar em Sesimbra durante uma limpeza subaquática recorde que envolveu 597 mergulhadores de todo o mundo em 12 horas (conforme certificado pelo Guinness).
Os mergulhadores recuperaram computadores, sapatos, eletrodomésticos, garrafas térmicas, peluches, loiça, óculos, entre outros objetos que, apesar do tempo passado na água, continuam reconhecíveis.
Em maio, o recorde foi quebrado com a segunda edição da limpeza subaquática: a ação reuniu 842 mergulhadores em 24 horas em Sesimbra e permitiu a recolha de mais sete toneladas de lixo marinho.
Marta Cerqueira é minhota e vegetariana. A sorte é que vive em Lisboa, onde há mais tofu do que sarrabulho. É jornalista há mais de 15 anos, os últimos dos quais a escrever sobre comida e sustentabilidade. Agora, já fora das redações, continua a escrever sempre que pode, seja em revistas, diários, post its, ou na sua página de Instagram, que usa para partilhar uma vida que se divide entre ser mãe-pessoa-foodie-viajante. Ainda assim, criou a Peggada para poder escrever sobre o que não cabe numa revista, num diário, num post it ou no Instagram: um mundo melhor.
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