Sabes quanto CO2 emite a publicação de um livro?
Foi apresentado durante o evento Book 2.0 um Livro Branco para a Pegada de Carbono do setor dos livros, resultante de um estudo pioneiro que
Foram várias os livros lançados no mercado português em 2023 que colocam o tónico nas alterações climáticas e na necessidade de preservar o meio ambiente, quer em ficção, quer em não ficção. Escolhemos oito para leres.
Desde um clássico do ambientalismo recuperado dos anos 60 até um livro que defende um futuro com menos agricultura e mais micróbios, houve de tudo um pouco no que toca ao ramo de não-ficção. Mas não só. Mesmo dentro das narrativas pertencentes ao reino da imaginação, o mercado português acolheu um vencedor de um Pulitzer que tem as sequóias da Califórnia como pano de fundo e também um romance passado nos dias antes dos Acordos de Paris. Estas são as nossas oito escolhas de 2023.
O norte-americano Richard Powers já era um escritor de renome por obras como “O Eco da Memória” ou “Generosidade”, mas foi “Sobre o Céu” que o propalou ao reconhecimento internacional, ao vencer o Pulitzer em 2019. Finalmente editado em Portugal pela Editorial Presença, este romance — inspirado pelo trabalho da cientista florestal canadiana Suzanne Simard — centra-se em nove personagens unidos pela necessidade de salvar os últimos hectares de floresta virgem no continente americano.
Dividido entre as secções “raízes”, “tronco”, “copa” e “sementes” — como o ciclo de vida de uma árvore — o livro é mais do que uma ode ao mundo natural: é um grito de alerta para a sua preservação.
As últimas décadas colocaram em causa a forma romanceada como os países ocidentais descrevem como se puseram a explorar o mundo — nos dois sentidos da palavra — ao sabor do vento. Os “descobrimentos” deram lugar ao colonialismo que viria a ser uma nódoa ainda hoje difícil de confrontar. Mas os seus impactos não se cingem pela subjugação de milhões de pessoas e das suas terras.
Em “A Maldição da Noz-Moscada”, editado pela Elsinore, o escritor indiano Amitav Ghosh abandona o romance para mostrar como a busca por bens longínquos viria a tornar-se no padrão de consumo global que ainda hoje permanece — mais desenfreado que nunca.
O seu título traz à luz um triste episódio que relaciona violência e ganância: em 1621, a Companhia das Índias Orientais seria responsável pelo massacre do povo Banda nas ilhas Molucas para, lá está, tomar controlo do comércio da noz-moscada.
Foi um verdadeiro marco em 1962 e, mais de 40 anos depois, continua a sê-lo. “Primavera Silenciosa” caiu como uma bomba de consciência ambiental na década de 60 ao alertar para os perigos do uso indiscriminado de pesticidas. Mais do que apontar o dedo, esta obra da bióloga Rachel Carson provocou ondas de choque, levando o governo dos EUA a banir o uso de DDT e a regular este mercado (para dissabor de muitas empresas químicas), assim como a mobilizar a opinião pública.
Há muito indisponível no mercado português — foi editado uma única vez, em 1966, pela Editorial Pórtico —, a Imprensa da Universidade de Lisboa tratou oportunamente de recuperá-lo numa fase onde o movimento ambiental é mais necessário do que nunca.
A natureza trata de mostrar-nos diariamente que o que serve para destruir, também serve para criar. Essa dualidade cantada pelos Red Hot Chilli Peppers em Californication é especialmente aparente no fogo, tão mortal quanto necessário para as nossas vidas. Só que se antes este surgia naturalmente por força de tempestades e/ou erupções vulcânicas, agora ocorre quase sempre por mão humana.
O professor de história ambiental (e ex-bombeiro) Stephen J. Pyne acredita que era do Homem — o Antropoceno — não explica totalmente a nossa relação com este elemento, propondo uma subcategoria: o “Piroceno”. Editado por cá pela Zigurate, este livro explora a nossa incapacidade em lidar com o fogo na atualidade. “Fogos florestais devastadores escondem que a quantidade de terra efectivamente ardida está a diminuir a nível global. Paradoxalmente, quanto mais tentamos eliminar o fogo dos lugares que com ele se desenvolveram, mais violentamente ele regressa.
Criámos um mundo de fogo errado a mais, com um défice dramático do tipo de fogo certo”, lê-se na sinopse.
“Se tivesse de escolher, escolheria a Tasmânia. Tem boas reservas de água doce, situa-se num estado democrático e não tem predadores para os humanos. Não é demasiado pequena, mas continua a ser uma ilha, por isso é fácil de defender. Porque nós vamos ter de nos defender, acreditem”. Do que se trata esta citação de “Tasmânia”, o mais recente romance do italiano Paolo Giordano? Do local ideal para uma pessoa refugiar-se na iminência de uma catástrofe mundial.
Colocando no papel os temores que nos afligem perante um potencial cataclismo climático, o escritor tece nesta narrativa — editada em Portugal pela Dom Quixote — uma história de amor intercalada entre temas como a ameaça nuclear, as alterações climáticas, o terrorismo religioso e a neura que todos sentimos na sociedade contemporânea.
Já se imaginou a comer micróbios? A pergunta pode parecer descabida e um tanto ou quanto indigesta, até constatar que iogurtes, cerveja ou pão são elementos comuns do nosso quotidiano que precisam de culturas bacterianas para chegar ao nosso estômago. O atual sistema alimentar mundial está à beira do colapso e a indústria pecuária (e a agricultura que a sustenta) é o principal causador das alterações climáticas, aponta o jornalista e ativista britânico George Monbiot.
A solução, detalhada em “Regenesis” — uma edição da Editorial Presença — pode passar pela criação laboratorial de comida a partir de micróbios — há já projetos bastante avançados, capazes de criar refeições com sabores e texturas idênticas ao que comemos até aqui. Para Monbiot, uma coisa é certa: vai ser preciso uma revolução, e nem soluções glamorosas, como o farm-to-table, nem o veganismo (de que é praticante) serão suficientes para alimentar o mundo.
Não é uma matéria fechada nem tampouco se pretende chegar a conclusões nestas linhas, mas uma das ideias dominantes quanto ao que nos diferencia do restante mundo animal é o facto de não sermos escravos do nosso meio ambiente — se uma hiena dificilmente se adapta fora de uma savana, os seres humanos espalharam-se pelos mais diversos climas. Desde que o homem tomou consciência de si mesmo, passou a recolher da natureza as suas mais diversas dádivas. Se a história das nossas civilizações mostra como tendemos a abusar desses dons, a chegada do modelo capitalista de extração veio multiplicar o problema.
Em “Lucro”, lançado por cá pelas Edições 70, o professor Mark Stoll traça uma história que parte dos mercadores da Veneza medieval até aos voos de Jeff Bezos a bordo da sua própria nave espacial. No caminho, demonstra como o progresso que obtivemos fez-se à custa do planeta e de como as consequências poderão ser cada vez mais devastadoras se incontidas.
Sabia que as cascavéis têm uma espécie de visão térmica? Ou que os peixes-gato têm papilas gustativas espalhadas por todo o corpo. E que os golfinhos conseguem distinguir entre recipientes com álcool e água ao fazer uma análise de ultrassom? Os jardins zoológicos, os parques e os programas de vida animal da TV deram-nos acesso ao mundo animal como nunca antes, mas o que os animais são realmente capazes de fazer é algo que nos continua maravilhar.
O jornalista Ed Yong, outro vencedor de um Pulitzer, demonstra em “Um Mundo Imenso” como as criaturas que povoam o planeta têm sentidos capazes de desvendar realidades que jamais seríamos capazes de experienciar. Ou, como refere a sinopse da Temas e Debates, que “não precisamos de viajar para outros locais: precisamos de ver com outros olhos”. Não sendo diretamente uma obra de divulgação quanto às alterações climáticas ou a necessidade de conservação, o desfilar de exemplos maravilhosos de como os animais coabitam este mundo connosco é razão mais do que suficiente para nos preocuparmos com o seu futuro.
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