É um agora ou nunca. O mais recente relatório do IPCC é claro na urgência das ações necessárias para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa. As metas são desafiantes, mas os cientistas mantêm a esperança.
Há uma meta ainda possível, mas que se está a tornar cada vez mais difícil de atingir: até 2030 limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima dos valores anteriores à Revolução Industrial. Para que tal seja possível, os cientistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês) deixam claro: é preciso aumentar os planos de ação climática e cortar as emissões em cerca de metade.
“A Humanidade caminha em gelo fino — e esse gelo está a derreter rapidamente”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Numa referência cinematográfica, acrescenta que o mundo “necessita de ação climática em todas as frentes — tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”.
Os cientistas do IPCC divulgaram esta segunda-feira um relatório-síntese que faz um resumo de todos os documentos publicados entre 2018 e 2023, com temáticas que vão desde os solos aos oceanos, até aos efeitos do aquecimento global. O resultado leva os cientistas a pedir um imediatismo nas ações. “As emissões deviam estar já a reduzir-se e terão de ser cortadas em cerca de metade até 2030, se queremos limitar o aquecimento até 1,5 graus”, lê-se no relatório. O painel conclui que é necessário cortar 43% nas emissões de gases com efeito de estufa até 2030, em comparação com os valore de 2019.
O relatório faz questão de expor a devastação que já atingiu uma parte do planeta. Regista-se um aumento de mortes devido às ondas de calor, às inundações e às secas. Há milhões de pessoas a passar fome e perdas cada vez mais irreversíveis nos ecossistemas.
O presidente do IPCC fez questão de abordar ainda a questão da justiça climática, uma vez que, como salientou, “os países que menos contribuíram para as alterações climáticas são as mais vulneráveis“, referindo que estes países estão, pelo menos, 50 vezes mais expostos a cheias e tempestades. “É necessário aumentar o financiamento para proteger estes países em, pelo menos, seis vezes até 2030”, aconselha.
“Este relatório ressalta a urgência de tomar medidas mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro sustentável habitável para todos”, refere Hoesung Lee, presidente do IPCC.
A ciência é clara e reforça a urgência nas ações. “Agora, precisamos de vontade política, de apoio público para tomar as ações necessárias para que os objetivos de neutralidade carbónica sejam realistas e ainda motivação pessoal para estarmos nesse caminho. Estes três elementos são necessários para a ciência se refletir nas decisões políticas. “Agora, precisamos de vontade política, de apoio público para tomar as ações necessárias para que os objetivos de neutralidade carbónica sejam realistas e ainda motivação pessoal para estarmos nessa trajetória. Estes três elementos são necessários para a ciência se refletir nas decisões políticas“, refere Heusong Lee.
A conservação dos solos, gestão dos recursos hídricos e mais espaços verdes são alguns dos exemplos de caminhos a seguir, segundo os cientistas, mas esse caminho tinha que ser imediato e feito com mais financiamento.
A análise do IPCC mostra que seria preciso aumentar três a seis vezes o nível actual de financiamento para limitar o aquecimento a 1,5 ou dois graus, em todos os sectores e regiões. De lembrar que, atualmente, há mais financiamento para combustíveis fósseis do que para a redução das emissões com impacto no clima.
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Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
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