Semelhante à levedura, a Solein é um pó produzido a partir de microorganismos com a ajuda de eletricidade e dióxido de carbono (CO2) que pode ser utilizado em praticamente qualquer alimento.
Cultivar alimentos a partir do ar e da eletricidade é a promessa da Factory 01, uma fábrica-piloto da startup finlandesa de tecnologia alimentar Solar Foods, inaugurada no mês passado em Vantaa, perto de Helsínquia, para produzir uma nova proteína amiga do planeta: a Solein.
Apesar de não ser cultivada da maneira tradicional, a Solein é uma proteína completamente natural que combina os nutrientes das proteínas de origem animal e vegetal e contém todos os aminoácidos essenciais, tal como a proteína de soja.
A Solein é semelhante à levedura e pode substituir a proteína em praticamente qualquer alimento, incluindo alternativas à carne, produtos lácteos, diferentes snacks e bebidas, noodles e massas, pães e pastas para barrar. A proteína desaparece nos alimentos e não altera o sabor dos produtos alimentares familiares e quotidianos.
Segundo o website, a proteína é produzida “a partir de organismos unicelulares naturais, que são cultivados num processo de fermentação. A água é dividida em hidrogénio e oxigénio através de eletricidade renovável [do sol]. As células são alimentadas com CO2, hidrogénio e nutrientes minerais. Estes microrganismos são então capazes de produzir aminoácidos, hidratos de carbono, lípidos (gorduras) e vitaminas (…). Quando chega a altura de colher a Solein, o excesso de água é removido e, por fim, é seco até se transformar num pó [amarelado] fino de proteína, sem que nenhuma planta ou animal seja prejudicado no processo”. O resultado é “uma colheita abundante nascida do nada”.
“A Factory 01 permite-nos aumentar a produção de Solein para 160 toneladas por ano. Dependendo da quantidade da nova proteína necessária por dose, isto traduz-se em 5-8 milhões de refeições alimentadas com Solein. Isto continua a ser uma gota no oceano em termos globais, mas permite-nos introduzir um alimento totalmente novo no mundo – e mais do que apenas alguns selecionados poderão prová-lo”, explica Pasi Vainikka, cofundador e diretor executivo da Solar Foods.
Esta iniciativa segue-se a vários anos de experiências à escala laboratorial. Agora, com a nova fábrica, a empresa prova como é facilmente escalável.
“A Factory 01 não precisa de esperar pelo bom tempo para que a Solein cresça (…). A proteína pode ser cultivada em qualquer lugar, desde que haja energia: com energia solar no Saara, com eletricidade gerada pelo vento no Ártico, com qualquer energia sustentável disponível nas megacidades. Sem as exigências da agricultura tradicional, a Solein pode ser cultivada mesmo no espaço exterior”, refere Vainikka.
Vainikka explicou ao The Guardian que a afirmação de que as proteínas são feitas do nada “nunca é mais do que 95% verdadeira”, uma vez que 5% da mistura no recipiente de fermentação é uma solução que contém outros minerais necessários às células, como o ferro, o magnésio, o cálcio e o fósforo.
Segundo um comunicado, o cultivo de um quilograma de Solein requer aproximadamente 1% da água e 5% da terra arável que o cultivo de uma quantidade equivalente de proteína vegetal exigiria, e cria apenas um quinto das emissões de CO2 no processo, permitindo assim reduzir o impacto ambiental da agricultura.
“À medida que conseguimos aliviar as pressões sobre as terras agrícolas, estas podem voltar a ser selvagens e voltar a ser sumidouros do clima”, refere Vainikka, que defende a “coexistência do novo e do velho”, com explorações agrícolas artesanais e de alta qualidade a par da agricultura celular que pode fornecer alimentos baratos e a granel.
A Solein recebeu uma nova aprovação regulamentar para produtos alimentares em Singapura, onde já foram lançados vários produtos alimentares de edição limitada e marketing de teste. A empresa procura obter autorizações noutros mercados em todo mundo e espera introduzir os seus produtos nos EUA no próximo outono, seguindo-se o Reino Unido e a União Europeia até ao final de 2025.
A Factory 01 é o primeiro projeto IPCEI (Important Project of Common European Interest) de hidrogénio da Comissão Europeia a ser concluído. A fábrica servirá também como centro de I&D da Solar Foods e de desenvolvimento de futuros produtos, e fornecerá dados valiosos para a próxima etapa: a Factory 02.
Podia ter entrado em Meteorologia e Oceanografia, mas acabou por estudar Comunicação. E ainda bem, porque se não acertam nas previsões, não era ela que iria mudar isso. Começou por procurar ideias e projetos sustentáveis para a universidade e desde aí, nunca mais parou (quem é que para realmente?). Adora ver séries, mas vê poucas porque é uma pessoa difícil. Já para abraçar novos hábitos e desafios mais “verdes”, não precisa de muito para a convencer.
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