Pacto Português para os Plásticos. Há mais 36% de plástico reciclado em novas embalagens
O Pacto Português para os Plásticos (PPP), que luta contra os problemas associados à poluição por plástico, lançou o seu terceiro relatório. Há boas notícias,
Há décadas que as grandes petrolíferas e a indústria têm conhecimento dos desafios associados à reciclagem de plástico, mas ocultaram essa informação nas suas campanhas de marketing, revela agora o relatório do Center for Climate Integrity Research.
As grandes petrolíferas e a indústria dos plásticos promoveram enganosamente a reciclagem como uma solução para a gestão dos resíduos de plástico durante mais de 50 anos, apesar de saberem há muito tempo que a reciclagem de plástico não é técnica ou economicamente viável em grande escala.
A conclusão é do relatório “The Fraud of Plastic Recycling”, elaborado pelo Center for Climate Integrity Research (CCI), que combina investigação existente e documentos internos recentemente revelados. Os autores afirmam que o relatório pode constituir a base para uma ação judicial por violação das leis destinadas a proteger os consumidores e o público da má conduta empresarial e da poluição.
“Quando as empresas e os grupos comerciais sabem que os seus produtos representam graves riscos para a sociedade e depois mentem ao público e aos decisores políticos a esse respeito, têm de ser responsabilizados”, afirma o presidente do CCI, Richard Wiles. “Responsabilização significa parar de mentir, dizer a verdade e pagar pelos danos que causaram.”
O relatório revela as campanhas fraudulentas de marketing e educação pública utilizadas para promover o plástico como reciclável, convencendo as pessoas e os decisores políticos de que a reciclagem manteria os resíduos fora dos aterros e do ambiente. Enquanto os consumidores se empenhavam a separar os seus resíduos e as autoridades locais investiam recursos provenientes dos contribuintes na recolha e processamento desse material, a indústria dos plásticos de utilização única expandiu-se, ao mesmo tempo que evitava a regulamentação para combater eficazmente os resíduos e a poluição.
Para reciclar o plástico, é necessária uma triagem meticulosa, uma vez que a maioria das milhares de variedades de plástico quimicamente distintas não podem ser recicladas em conjunto. Isto torna ainda mais caro um processo que já é dispendioso. Além disso, o material degrada-se cada vez que é reutilizado, o que significa que geralmente só pode ser reutilizado uma ou duas vezes e torna-se mais tóxico a cada utilização.
A reciclagem começou a ser promovida como solução pela indústria nos anos 80, quando os municípios começaram a considerar a proibição de sacos de supermercado e outros produtos de plástico de utilização única, que a indústria dizia serem facilmente deitados em aterros ou queimados em incineradores de lixo.
Na altura em que a indústria dos plásticos lançou a sua campanha de reciclagem, o diretor do grupo comercial Vinyl Institute reconheceu, numa conferência realizada em 1989, que “a reciclagem não pode continuar indefinidamente e não resolve o problema dos resíduos sólidos”.
Apesar deste conhecimento, a Society of the Plastics Industry criou a Plastics Recycling Foundation em 1984, reunindo empresas petroquímicas e engarrafadoras, e lançou uma campanha centrada no compromisso do setor com a reciclagem.
Depois disso, diferentes associações, empresas e grupos do setor foram responsáveis por várias estratégias com o intuito de enganar o público, incluindo: o lançamento do símbolo amplamente reconhecido para o plástico reciclável, que a indústria começou a utilizar nas embalagens; a criação de centros de investigação, projetos-piloto e anúncios sobre a reciclagem de plásticos; e a promoção da reciclagem química (que decompõe os polímeros de plástico em moléculas minúsculas para fabricar novos plásticos, combustíveis sintéticos e outros produtos), apesar de saberem que também não constituía uma verdadeira solução para os resíduos de plástico.
Apesar de anos de campanhas de reciclagem, menos de 10% dos resíduos de plástico são reciclados globalmente e a quantidade de resíduos de plástico descartados no ambiente continua a aumentar. O relatório alega que a má conduta da indústria continua até aos dias de hoje.
A ideia de que a reciclagem pode resolver o problema dos resíduos plásticos “sempre foi uma fraude e sempre foi uma forma de a indústria vender mais plástico”, diz Wiles.
Num comunicado, Ross Eisenberg, presidente do grupo industrial America’s Plastic Makers, veio dizer que o relatório do CCI “cita tecnologias ultrapassadas, com décadas de existência, e trabalha contra os nossos objetivos de sermos mais sustentáveis ao descaracterizar a indústria e o estado das tecnologias de reciclagem actuais. Isto prejudica os benefícios essenciais dos plásticos e o importante trabalho em curso para melhorar a forma como os plásticos são utilizados e reutilizados para satisfazer as necessidades da sociedade”.
A publicação do relatório surge dois meses antes da próxima ronda de negociações das Nações Unidas, no Canadá, para um acordo global juridicamente vinculativo sobre resíduos de plástico. Espera-se a presença de negociadores de cerca de 150 países, bem como de defensores da saúde pública, ativistas dos direitos humanos, ambientalistas e representantes da indústria do petróleo e do gás.
O Pacto Português para os Plásticos (PPP), que luta contra os problemas associados à poluição por plástico, lançou o seu terceiro relatório. Há boas notícias,
O negócio teve início no ano passado e já ofereceu um novo propósito a 40 toneladas de garrafas de plástico deitadas fora no Camboja. As
O Vietname é um dos principais destinos de exportação de resíduos plástico da União Europeia, mas as regras ambientais do país são menos apertadas e
Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
Esta publicação também está disponível em: English (Inglês)
A grande maioria dos nossos artigos têm sempre um cunho positivo e motivador, mas não podemos deixar de partilhar as notícias menos boas. Ficamos felizes com o seu contributo e por ver o quanto estão a fazer no que toca à reciclagem e, quem sabe, podemos mesmo marcar essa tal visita. Obrigada!
Para estar a par de tudo o que acontece na área da sustentabilidade, consumo responsável e impacto social.
Bom dia, gostava muito de convidar a Sofia Vila Flor a vir visitar a Silvex, para ter uma visão alternativa que contraria a essência deste artigo. Existem efetivamente plásticos que não se conseguem reciclar, muitas vezes porque estão a ser utilizados em combinação com outros materiais (como é o caso das embalagens tetrapack). Contudo, os plásticos que mais consumimos podem ser reciclados sem qualquer problema e sem grandes custos associados. A nossa linha de reciclagem possui um sistema que consegue separar o plástico por tipologia e reciclar apenas aquele que nos interessa. O restante, é encaminhado para aplicações menos rigorosas como é o caso do mobiliário de jardim. Seria um gosto recebe-la cá e dar-lhe a conhecer uma outra realidade que estimule a separação dos resíduos em nossa casa e não um texto deste, completamente desmotivador.