Onde reciclar telemóveis, cabos e carregadores que já não usamos?
Na hora de reciclar aparelhos eletrónicos e acessórios, como o caso dos telemóveis, dos carregadores ou dos mais diferentes cabos, nem sempre é imediata a
No Dia Internacional dos Resíduos Eléctricos falamos com o Electrão, o projeto que nasceu para revolucionar a forma como Portugal gere os resíduos elétricos e eletrónicos. Ana Matos, responsável de comunicação da empresa, faz à Peggada um retrato do país antes e depois da intervenção do Electrão, resume algumas das principais iniciativas já feitas e fala das muitas ideias que têm para pôr em prática no que toca à gestão dos resíduos.
Antes da criação do Electrão, há 18 anos, não existia reciclagem formal de equipamentos elétricos usados em Portugal. Muitos dos materiais presentes nesses aparelhos acabavam em lixeiras e não eram reaproveitados. As substâncias perigosas que os constituem eram libertadas, com um impacto negativo muito significativo para o ambiente e para a saúde.
Em 2005 o Electrão – Associação de Gestão de Resíduos – juntou-se ao grande desígnio nacional e constituiu o sistema que viria a permitir, a partir de 2006, a reciclagem de equipamentos elétricos fora de uso. A iniciativa surgiu de um conjunto de 60 produtores de equipamentos elétricos, que delegaram na associação a responsabilidade da gestão destes equipamentos em fim de vida.
Atualmente já são mais de 1800 os aderentes ao sistema. A constituição de um sistema de reciclagem dedicado a este fluxo específico de resíduos veio possibilitar a reciclagem destes equipamentos e, sobretudo, a proteção da saúde pública e do ambiente. Muitos dos aparelhos elétricos que temos em nossas casas têm componentes perigosos que se forem descartados de forma errada podem ter impactos muito negativos na saúde e no ambiente.
Podemos falar de uma mudança revolucionária, sim. Nas últimas duas décadas o país deu um salto civilizacional, não só no que diz respeito aos equipamentos elétricos usados, mas também a outras tipologias de resíduos, como as pilhas e as embalagens, só para falar dos fluxos geridos pelo Electrão.
O Electrão assumiu a gestão de equipamentos elétricos em 2005, mas pouco tempo depois, em 2010, tornou-se também entidade gestora de pilhas. Em 2018 passou a abarcar as embalagens usadas. É hoje uma das principais entidades gestoras nacionais e a única responsável por gerir, de forma integrada, três dos principais tipos de resíduos produzidos nas casas e nas empresas: embalagens, pilhas e equipamentos elétricos usados.
O Electrão trabalha com as empresas, mas também com cada português, como referem. O cidadão, aliás, é uma peça central do trabalho desenvolvido pelo Electrão e de todo o esforço de sensibilização que está associado ao sistema de reciclagem nacional. Na verdade, o cidadão tem um superpoder. Enquanto detentor do resíduo é o cidadão que decide onde vai colocar o equipamento elétrico ou qualquer outro tipo de resíduo que chega ao fim de vida. Queremos facilitar a vida ao cidadão e por isso no ondereciclar.pt estão muitas das respostas que o cidadão procura. Lá podem descobrir o local mais próximo onde depositar várias tipologias de resíduos para reciclagem.
As múltiplas campanhas de sensibilização e comunicação desenvolvidas ao longo destes anos – como é o caso do Quartel Electrão; Escola Electrão; Escuteiros Electrão; TransforMar; Faz Pelo Planeta By Electrão e um projeto piloto para a recolha de grandes eletrodomésticos porta-a- porta – são uma referência a nível nacional e têm sido determinantes para os resultados da reciclagem a nível nacional.
A componente social está muito presente em quase todas as campanhas do Electrão, mas assume especial relevância em algumas iniciativas muito específicas que agregam valor a causas muito nobres. É o caso da campanha Quartel Electrão que promove a entrega de pilhas e equipamentos elétricos nas associações humanitárias de bombeiros voluntários. Em troca, os soldados da paz são recompensados com incentivos financeiros, equipamento de proteção e uma viatura para a associação vencedora. A campanha “Escola Electrão” tem também um forte cunho social e sobretudo educativo, envolvendo toda a comunidade escola neste
desígnio da reciclagem.
A iniciativa “Todos Pelo IPO” é outro exemplo. As pilhas e os equipamentos elétricos usados que forem entregues para reciclagem nos mais de nove mil pontos da rede Electrão (ver ondereciclar.pt) vão ser transformados num apoio financeiro a atribuir ao Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO Lisboa).
Em colaboração com a ENTREAJUDA o Electrão promove ainda uma campanha de reutilização. Trata-se de um projeto de economia circular, que é dinamizado pelo Electrão em colaboração com a ENTRAJUDA, já permitiu reutilizar 393 toneladas de equipamentos elétricos usados nos últimos 14 anos.
Esta parceria permite promover a reutilização de equipamentos elétricos, obsoletos ou avariados, que depois de sujeitos a simples reparações estão em condições de servir outras famílias a quem são doados.
Mais recentemente lançámos o projeto Ondedoar que tem igualmente uma componente social muito acentuada. Em muitas das nossas iniciativas tentamos conjugar o melhor de dois mundos – a proteção do ambiente e saúde humana a uma causas solidárias.
Trata-se de um projeto pioneiro, dinamizado pelo Electrão, que cruza os excedentes de stock das empresas com as necessidades de instituições que desenvolvem atividade nas áreas social, ambiental e educacional. A plataforma, que serve de base a esta iniciativa de doação, está disponível em: www.ondedoar.pt.
Através da plataforma, as empresas podem anunciar os bens que têm para doar e as
instituições, por sua vez, identificam quais os produtos de que necessitam para melhor desenvolver a sua atividade, desenrolando-se, depois, o processo de doação a partir da criação de uma correspondência.
O projeto permite também incentivar o prolongamento da vida dos equipamentos, prevenir a produção de resíduos, evitar o desperdício e garantir uma maior eficiência no uso de recursos, já que os equipamentos a doar, na sua maioria novos e nunca utilizados, não poderiam ser vendidos.
Trata-se de um processo de doação segura de pilhas, baterias e equipamentos elétricos, mas também de mobiliário e outros produtos, que dá a garantia de que estes bens são utilizados pelas instituições e não integram circuitos comerciais paralelos.
No arranque do projeto já aderiram à plataforma instituições como a Refood e a AMI e, como doadoras de equipamentos, marcas como a Whirlpool, Schneider, IKEA, Rádio Popular, entre outras. A Whirpool já disponibilizou cerca de 200 equipamentos. Parte desses eletrodomésticos está, neste momento, em processo de doação à rede da organização eco humanitária de combate ao desperdício alimentar Refood, à AMI e a outras instituições similares. 40 associações e instituições estão já inscritas para receber equipamentos.
Entendemos que a gestão de resíduos Portugal tem que caminhar no sentido de uma colaboração cada vez mais estreita entre os vários intervenientes. Isto aplica-se a todos os fluxos de resíduos, mas tem particular peso nas tipologias que o Electrão gere — embalagens, pilhas e equipamentos elétricos usados.
É urgente combater o mercado paralelo, que continua a impedir que o país entregue melhores resultados no que diz respeito à reciclagem de equipamentos elétricos usados.
O Electrão já apresentou publicamente um conjunto de medidas para ultrapassar os constrangimentos que o sector sinaliza e que pressupõe uma participação mais ativa de todos os atores, o que inclui não só o consumidor, mas também as empresas, operadores de gestão de resíduos, municípios, retalhistas, empresas de instalação e manutenção e as entidades fiscalizadoras, tutela e, naturalmente, as entidades gestoras.
Estas medidas são cruciais a par de um contínuo trabalho de consciencialização para o uso moderado dos recursos que tem que acontecer, não só porque as metas europeias assim o ditam, mas como forma de mitigar as alterações climáticas.
A gestão de resíduos do futuro terá, necessariamente, que ser cada vez mais eficiente, aproveitando com inteligência todas as sinergias e favorecendo o reaproveitamento de recursos numa economia cada mais circular.
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Em 2023, foram recolhidas e encaminhadas para tratamento, pelo Electrão, mais de 27 mil toneladas de equipamentos eletrónicos. Um novo recorde. Este é o melhor resultado dos
Mais pontos de recolha e iniciativas com autarquias foram alguns fatores que contribuíram para o aumento. No ano passado, o Electrão enviou para reciclagem mais
Este artigo promove uma ação que incentiva à diminuição de geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização.
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