Chefs on Fire. Neste festival, os restos de comida transformam-se em energia
Vem aí mais uma edição do Chefs on Fire, um dos mais importantes festivais gastronómicos do país. Às ações de sustentabilidade que já tinham começado
Vem aí mais uma edição do Chefs on Fire, um dos mais importantes festivais gastronómicos do país. Se nas edições anteriores a sustentabilidade já era prato do dia, este ano ganha outra dimensão com a contribuição da Because Impacts, uma agência de consultoria e desenvolvimento de projetos de impacto positivo. A Peggada falou com Graça Fonseca, a diretora, para saber o que podemos esperar da edição deste ano.
Chefs, fogo, comida, copo cheio, música, família, comunidade. O Chefs on Fire é tudo isto, mas talvez não saibas que é muito mais. Aquele que é considerado por muitos o maior festival gastronómico do país, é também um exemplo de sustentabilidade.
Desde a primeira edição, em 2018, e tal como lembra o produtor executivo Gonçalo Castel-Branco, em comunicado, não se utiliza plástico de uso único. Além disso, a equipa replanta a quantidade de lenha que foi consumida no festival e mantêm parcerias com a Refood e outras comunidades locais para combater o desperdício alimentar.
No entanto, este ano, o festival decidiu dar um passo em frente rumo ao impacto positivo — sim, aqui a ambição vai para lá do impacto zero. A estratégia passa por transformar o Chefs on Fire no primeiro festival de impacto positivo em Portugal. “O objetivo não é ser Net Zero é ser Net Positive”, refere Graça Fonseca, líder da Because Impacts, agência de consultoria e desenvolvimento de projetos de impacto positivo, que começa este ano a trabalhar numa estratégia a cinco anos para fazer deste evento um exemplo para tantos outros.
“Na estratégia de ação desenhada em conjunto, foram incluídas metas, iniciativas e indicadores de medição de impacto para as áreas da energia e emissões de CO2, água, materiais e circularidade, mobilidade, biodiversidade e comunidade” explica Graça Fonseca.
Para cada uma destas camadas existem objetivos, e para que esses objetivos sejam cumpridos existem iniciativas a acontecer e indicadores para medir os resultados.
“Para a redução do desperdício alimentar, por exemplo, algo que é importante sempre, ainda mais num evento de comida”, lembra Graça, “trabalharemos com a Refood para escoar as sobras, os alimentos não cozinhados serão usados nos restaurantes dos respetivos chefs e estão pensadas iniciativas de educação na zona dedicada às crianças”. A zona kids do festival é transformada numa horta pedagógica na
qual se planta a matéria prima que dá origem à refeição.
Mas não esquecemos que o objetivo é chegar ao impacto positivo. “Na alimentação, por exemplo, acontece quando trabalhamos com os fornecedores no modo como são feitas as entregas, e, na cozinha, na forma como se trabalham os alimentos”, esclarece.
“Falamos aqui de evento de dimensão média e, por isso, conseguimos ter iniciativas mais ousadas e ambiciosas”, lembra Graça, que acredita que os eventos são “plataformas extraordinárias de ativação das pessoas como agentes de mudança”. A responsável fala da mudança que vem de cima, do governo, das empresas, mas acredita no poder das pessoas, sem as quais o impacto nunca será tão forte. “Os festivais são espaços de partilha. Se vais é porque gostas de comer, é porque gostas daquele música, é porque gostas de estar com aquelas pessoas. Temos que aproveitar esse espírito de comunidade e do poder que é dado a cada pessoa num evento deste género”.
São esperadas 2 mil pessoas por dia. No final, serão cerca de 6 mil pessoas, além do staff, a usufruir de três dias de boa comida, mas também da abertura de consciência para algo que é tão necessário. “Este ano queremos implementar o sentimento de tribo e de comunidade em quem vai lá estar. Como é um evento pequeno, com pessoas a dividir mesas e conversas partilhadas, será exatamente com conversas casuais que vamos abordar, por exemplo, o tema dos resíduos”. Até porque, seguramente, vai chamar a atenção o facto de não haver caixotes de reciclagem, à exceção daquele destinado ao vidro.
Tudo no evento, desde os talheres aos pratos, é compostável. Não existe plástico dentro do recinto. Além disso, incentivam o staff — e, já agora, todos os visitantes — a usar transportes públicos ou a partilhar carro até ao evento, que acontece nos dias 8, 9 e 10 de setembro, na Fiartil, no Estoril.
Ainda há bilhetes à venda, através deste link.
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