Uma investigação da agência espacial norte-americana NASA aponta a região do Algarve como a mais crítica face às alterações climáticas em Portugal.
Uma análise de quatro décadas de dados de milhares de estações meteorológicas mostra que as regiões do sul asiático, Golfo Pérsico e Mar Vermelho serão as mais afetadas por uma mistura de calor e humidade num futuro mais próximo do que se esperava. O estudo conclui que várias cidades quentes e húmidas do mundo vão deixar de ter as condições de vida que conhecemos atualmente entre os próximos 30 a 50 anos, mais cedo do que se imaginava.
As regiões estarão em risco devido à combinação entre o aumento das temperaturas (que rondarão os 35 ºC) e a humidade relativa fixada a 100%. Isso significa que mesmo quem melhor se adapta a estes ambientes não conseguirá realizar as suas atividades normais à temperatura ambiente.
“A capacidade dos seres humanos para dissipar eficientemente o calor permitiu-nos viajar por todos os continentes, mas uma temperatura de bolbo húmido (TW) [a temperatura mais baixa a que o ar pode ser arrefecido através da evaporação] de 35 °C marca o nosso limite fisiológico superior, e valores muito inferiores têm graves impactos na saúde e na produtividade. Os modelos climáticos projetam as primeiras ocorrências de 35 °C de TW em meados do século XXI. No entanto, uma avaliação exaustiva dos dados das estações meteorológicas mostra que algumas localidades costeiras subtropicais já registaram um TW de 35 °C e que o calor húmido extremo global mais do que duplicou em frequência desde 1979”, lê-se no relatório. “Estas tendências realçam a magnitude das mudanças que ocorreram como resultado do aquecimento global até à data”.
De acordo com as estimativas, as áreas mais vulneráveis incluem o Sul da Ásia, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho, com as temperaturas a ultrapassarem os 35 ºC de forma regular por volta de 2050. Seguem-se o Leste da China, algumas partes do Sudeste Asiático e o Brasil, até 2070.
Em Portugal, além do Algarve, onde as temperaturas poderão atingir os 29 ºC (a par da humidade relativa a 100%), as regiões de Lisboa, Alentejo e o noroeste do país (incluindo os distritos de Porto, Braga e Viana do Castelo) serão as zonas mais afetadas.
“Uma vez que a temperatura do bolbo húmido excede os 35 ºC, nenhuma quantidade de transpiração ou outro comportamento adaptativo é suficiente para baixar o corpo para uma temperatura de funcionamento segura. Na maior parte das vezes, não constitui um problema, porque a temperatura do bolbo húmido é geralmente de 5 a 10 ºC inferior à temperatura corporal, mesmo em lugares quentes e húmidos” explicou Colin Raymond, um dos autores do estudo que identificou a “fronteira térmica”. “Estudos anteriores previam que isto aconteceria daqui a várias décadas, mas este estudo mostra que está a acontecer agora mesmo”.
Os investigadores descobriram que alguns pontos individuais — incluindo linhas costeiras ao longo do Golfo Pérsico e vales de rios na Índia e no Paquistão — já ultrapassaram o limiar dos 35°C de bolbo húmido, embora apenas durante uma ou duas horas de cada vez. Em 2017, as condições de bolbo húmido ultrapassaram os 30 °C 1000 vezes — mais do dobro do número registado em 1979.
Embora os trabalhos anteriores tenham analisado os registos de temperatura, este estudo acrescenta uma perspetiva ao associar a temperatura à humidade. Os resultados “sublinham que os seus impactos diversos, consequentes e crescentes representam um grande desafio social para as próximas décadas”, conclui a investigação.
Podia ter entrado em Meteorologia e Oceanografia, mas acabou por estudar Comunicação. E ainda bem, porque se não acertam nas previsões, não era ela que iria mudar isso. Começou por procurar ideias e projetos sustentáveis para a universidade e desde aí, nunca mais parou (quem é que para realmente?). Adora ver séries, mas vê poucas porque é uma pessoa difícil. Já para abraçar novos hábitos e desafios mais “verdes”, não precisa de muito para a convencer.
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