Sabemos que, tal como nós, existem centenas de outros projetos a querer fazer mais pelo planeta. Fomos ter com eles para saber mais sobre o que os move e o que podemos deles esperar. Uma vez por semana, uma startup, uma entrevista, cinco perguntas.
Falámos com o Adriel Oliveira, CEO da Shimejito, a startup que nasceu para que qualquer pessoa possa ser produtora de cogumelos.
A ideia é permitir que qualquer um seja capaz de ter a sua própria Urban Farm, produzir cogumelos com tecnologia de ponta e impactar positivamente comunidades locais através da agricultura.
Que problema vem resolver a tua startup?
A pegada de carbono provocada pela cadeia atual de produção e distribuição alimentar.
Porquê a área da sustentabilidade para começar um negócio?
O modelo económico atual encontra-se deficitário em soluções de impacto que possam ser disruptivas. Todos nós já cá andávamos antes dessa intervenção digital, e todos nós enquanto sociedade queremos mais sustentabilidade. Temos provas de que a adesão é grande para essa tendência sustentável e a alimentação é um recurso que traz um grande impacto negativo para o ambiente e para os bolsos, pois exige grande capacidade energética. Esses fatores foram essenciais para olhar além do que já existia.
Quais os maiores obstáculos de trabalhar nesta área?
Diria que o tradicionalismo de um mercado que ficou especialista em capturar valor do pequeno agricultor para exportar produtos de baixo valor agregado. Isto abriu um abismo entre o preço praticado ao consumidor e o que é pago ao produtor, o que provoca competição num ambiente frágil, onde a manutenção de uma produção constante ainda é um desafio que vai contra a ideia de que qualquer pessoa pode envolver-se com agricultura local e ser eficiente. Infelizmente parece que nada aprendemos com os tempos de COVID 19, que agora impõe a inflação mais alta já vista na Europa nos bolsos de quem já está apertado mensalmente.
Qual a conquista que de que mais te orgulhas enquanto líder desta startup?
O crescimento constante e orgânico de nossa comunidade de shimenautas, feita de pessoas com espírito nómada e orientada para futuro. Precisamos de poucas distrações e acredito que a mensagem que passamos é de que não há tempo a perder com ideias já vimos que falham. Poder falar abertamente sobre isso, sobre os problemas que enfrentamos com a burocracia, ou sobre a falta de disseminação da importância em Portugal para este tema – o que nos rendeu clientes e prémios internacionais. Superar essas crises e esses percalços diariamente é muito gratificante.
Qual o próximo passo?
Finalizar a nossa ronda Seed até abril, aumentar a adesão à comunidade de shimenautas, avançar com os psicadélicos para investigação, distribuir os nossos mushroom points para que cada interessado possa ser revendedor e certificador de cogumelos, com uma remuneração justa que dá resposta ao que está a acontecer agora. Como podem ver, é bastante trabalho e estamos abertos a todos os que queiram ajudar.
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