Utilizar extratos de algas em óleos alimentares com o intuito de prolongar o seu tempo útil é o grande objetivo do Ocean2Oils.
Usar o oceano para processar óleos alimentares. Estanho, certo? Mas possível.
O projeto Ocean2Oils pretende juntar as potencialidades do oceano como forma de superar alguns constrangimentos associados ao processamento dos óleos alimentares. As algas comestíveis são o centro da iniciativa, sendo utilizadas como fonte sustentável de compostos bioativos, em particular de antioxidantes, que são adicionados ao óleo para o estabilizar e, consequentemente, prolongar o seu tempo de vida útil, evitando algumas reações que levam à sua degradação.
O projeto baseia-se na biorrefinaria e trabalha em mais duas linhas de investigação que promovem a economia circular: utilização de extratos das algas no desenvolvimento de revestimentos comestíveis para aplicação em alimentos, antes de estes serem fritos, e aproveitamento da biomassa residual em rações para aquacultura.
Esta iniciativa destaca-se pelos benefícios que traz a nível económico, ambiental e da saúde dos consumidores: a perda de água e a absorção de óleo dos produtos fritos são minimizadas (ou seja, há redução do teor de gordura nos alimentos após a fritura); há menos resíduos a processar, o que significa que há menos impacto ambiental; no processo de extração não se recorre a solventes nefastos para o ambiente; os alimentos tornam-se mais saudáveis graças ao aumento do valor nutricional do óleo alimentar, ajudando a prevenir doenças cardiovasculares e a reduzir a incidência de alguns tipos de cancro.
O Ocean2Oils, ao qual foi concedida uma patente nacional graças ao seu carácter inovador, está a ser desenvolvido em Peniche, no edifício MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, uma unidade de investigação e desenvolvimento que procura criar pontes entre a ciência e a sociedade no que toca ao conhecimento dos recursos marinhos.
O financiamento provém do Fundo Azul da Direção-Geral de Política do Mar, e o consórcio do projeto envolve duas instituições de ensino superior, o Politécnico de Leiria (na qualidade de promotor) e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, e duas empresas, a Sovena Consumers Goods (líder do mercado português de azeite, óleos vegetais e sabões) e a Francisco Baratizo, sediada em Peniche, que foca a sua atividade na congelação e transformação de produtos da pesca. O projeto teve início em 2019 e prevê a sua conclusão em 2023.