A primeira greve está marcada para dia 23 de setembro, mas são muitas as ações a decorrer ao longo do ano.
Para muitos estudantes, o início do ano letivo deixou de ser apenas a altura de atualizar material escolar e conhecimentos. São cada vez mais os jovens a ter um papel ativo na luta pela justiça climática, usando a escola para essas batalhas.
O ano lectivo 2022/2023 abre com novas ações de Greve Climática Estudantil que, alinhada com o movimento Fridays For Future iniciado por Greta Thunberg em 2018, propõe ocupar várias escolas e universidades do mundo, entre setembro e dezembro de 2022. Recorde-se que Greta Thunberg começou um movimento global de luta pela justiça climática ao não comparecer na sala de aula todas as sextas para ir manifestar-se contra um sistema educativo desadequado às necessidades reais das futuras gerações.
A primeira greve está marcada para dia 23 de setembro, mas são muitas as ações a decorrer ao longo do ano. Neste caso, a Greve Climática Estudantil pretende boicotar a dependência de combustíveis fósseis através de momentos de desobediência civil que consistem na ocupação de recintos escolares, locais simbólicos onde se encontram as gerações cujo futuro é ameaçado pelos efeitos das alterações climáticas. Esta proposta da Greve Climática Estudantil segue três princípios basilares: a liderança estudantil, sendo que em vários momentos de transição histórica os estudantes representaram um importante agente de mudança e renovação social, a justiça climática, e neste caso a ocupação.
Note-se que a última COP realizada pelas Nações Unidas, organizada em Glasgow em 2021, gerou o primeiro documento final de uma COP em que se aborda a necessidade de abandonar o financiamento a combustíveis fósseis. O Pacto Climático de Glasgow conseguiu também que se fizesse referência à necessidade de reduzir a exploração de carvão. Foram necessárias 26 edições da COP para que se começasse a incluir a necessidade de abandonar a dependência de combustíveis fósseis e de carvão num documento final. Assim, e à semelhança do que aconteceu com outros movimentos estudantis na década de 60, os organizadores desta iniciativa sublinham que o recurso à ocupação surge depois de várias marchas, petições, e negociações a nível internacional que não geraram o resultado ambicionado, a criação de um paradigma de justiça climática.
No comunicado emitido pela Greve Climática Estudantil, a 27 de abril de 2022, sublinha-se que a dependência de combustíveis fósseis é um risco para as futuras gerações e que por isso mesmo é necessário que essa fatia da população seja capaz de se manifestar contra uma normalidade que põe em risco o seu futuro: “Não podemos continuar a fingir que a normalidade está correta: o nosso dever enquanto jovens é lutar.”
A Leonor (mais conhecida como Nônô) herdou do avô paterno, que levava sementes nas algibeiras para as plantar quando fosse oportuno, o gosto pela natureza. Fundou o Núcleo Ambientalista da Universidade onde se licenciou, esteve envolvida em movimentos de desobediência civil pela justiça climática e estudou em Londres onde provou o melhor hambúrguer vegetariano que conhece até à data. Seguiu o mestrado de Ciência Política e Relações Internacionais por ser uma área que considera decisiva para criar um paradigma de justiça climática. Passou por Paris para aprofundar os seus conhecimentos em sustentabilidade e mais tarde escrever uma tese na mesma área. Orgulhosa dos seus vasos de hortelã e manjericão, leitora assídua, fã de tardes passadas à volta da mesa, apologista da simplicidade. Desconfia que seria feliz com uma horta e uma profissão associada à sustentabilidade e direitos humanos.
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