O A-68 chegou a ser duas vezes maior do que o Luxemburgo e transferiu o
equivalente a 61 milhões de piscinas olímpicas de água doce para o oceano.
Quando se desprendeu da Antártida, em julho de 2017, o A-68 era o maior icebergue do mundo, com 5,719 km2 — mais do dobro da área do Luxemburgo. À deriva no Oceano Antártico durante quatro anos, o icebergue foi derretendo e chegou até a ameaçar colidir com a Geórgia do Sul, um território ultramarino britânico e habitat de dois milhões de pinguins.
Hoje, o A-68 já se fragmentou em pedaços demasiado pequenos para serem
seguidos, mas o impacto da sua deriva foi recentemente calculado por investigadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido. De acordo com este estudo, ao fim de dois anos a flutuar em águas geladas perto da Antártida, o A-68 entrou em águas mais quentes, atingindo velocidades de derretimento de 7,2 metros por mês. Em apenas 3 meses, o icebergue perdeu 1,52 mil milhões de toneladas de água doce, o suficiente para encher 61 milhões de piscinas olímpicas. Este derretimento acelerado acabaria por resultar numa perda de 32% da massa do iceberg e num decréscimo de espessura de 67m, ditando a sua desintegração.
Além de toda a água doce que perdeu, esta placa de gelo foi depositando também toda a matéria orgânica e minerais que tinha acumulado ao longo da sua existência. Segundo estes investigadores, estes nutrientes podem ter influenciado consideravelmente o ecossistema local da Geórgia do Sul, alterando as correntes
oceânicas locais e incentivando a produção orgânica local. No entanto, apesar de poder ter apresentado certos benefícios para a fauna e flora locais, este derretimento e deriva são, acima de tudo, um alerta para o impacto das alterações climáticas.