
Março volta a ser o Mês do Granel — e a Peggada faz parte do movimento
Março já oficialmente o Mês do Granel e Portugal celebra esse evento pelo terceiro ano consecutivo. A Peggada é parceira de comunicação e mostra-te todos
A Peggada esteve presente na COP29, em Baku, onde viveu de perto os debates, desafios e oportunidades no combate às mudanças climáticas. A Lígia Gomes conta, na primeira pessoa, tudo o que aprendeu nos quatro dias passados no Azerbaijão.
A COP29, em Baku, no Azerbaijão, tem sido apelidada de “a COP das Finanças”, isto pelo foco central em desbloquear fundos essenciais para enfrentar os desafios climáticos.
Contudo, como aconteceu em tantas outras edições da conferência, paira a questão: será que entregará resultados concretos ou acabará como mais um exercício de retórica sem ação?
Este ano, o evento ocorre sob a sombra da recente reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o que levanta preocupações globais devido ao seu historial de desmantelar políticas climáticas e ameaçar a colaboração internacional no combate às alterações climáticas.
O Azerbaijão, país anfitrião do evento, é uma nação profundamente ligada à indústria de combustíveis fósseis, com petróleo e gás representando 90% das suas exportações. Este cenário reflete um paradoxo enfrentado em muitas COPs: a influência de atores industriais que contribuem significativamente para as emissões globais, mas também têm os recursos e a visibilidade para promover soluções. As tensões, desta vez, estão especialmente intensas, com debates críticos sobre financiamento, justiça climática e adaptação.
Participar neste evento foi uma experiência transformadora, por isso, deixo aqui as cinco principais reflexões que trago da minha viagem:
A COP29 deu destaque às finanças climáticas, com a discussão de um novo objetivo de financiamento climático de mil milhões de dólares anuais até 2030.
No entanto, ativistas e especialistas alertam que este montante está longe de ser suficiente, sugerindo que seriam necessários cerca de três mil milhões anuais para apoiar de forma eficaz a transição energética global e a adaptação climática nos países mais vulneráveis. Esta disparidade sublinha a lacuna persistente entre os compromissos assumidos pelas nações desenvolvidas e as reais necessidades das comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas.
Este é um teste crucial para a justiça climática, que exige não apenas promessas financeiras, mas ações concretas para reverter as desigualdades históricas no impacto e na resposta às alterações climáticas.
A COP29 divide-se em dois espaços principais: a Blue Zone e a Green Zone, cada uma com um papel distinto no evento. A Blue Zone é um espaço exclusivo, acessível apenas a delegações oficiais de países, organizações intergovernamentais, ONG acreditadas e imprensa. É onde decorrem as negociações formais sobre tópicos cruciais como mercados de carbono, transição energética e financiamento climático. Este ambiente é técnico e político, com discussões que moldam as políticas climáticas globais.
Por outro lado, a Green Zone é aberta ao público geral, tornando-se um espaço potencialmente mais inclusivo. Este ambiente é desenhado para envolver a sociedade civil, empresas, ativistas, artistas e cidadãos interessados em aprender mais sobre mudanças climáticas.
No entanto, enquanto a Blue Zone trata das decisões políticas, a Green Zone deveria desempenhar um papel mais significativo na educação climática e na mobilização social.
Se a Green Zone fosse mais estrategicamente orientada, poderia funcionar como um poderoso veículo para traduzir a complexidade da Blue Zone para o público em geral, destacando a relevância do trabalho político e técnico para o dia a dia das pessoas. Ações como oficinas educativas, exposições interativas e diálogos entre especialistas e comunidades locais poderiam criar um impacto duradouro, inspirando ações concretas. É fundamental garantir que o público não apenas assista, mas compreenda e se sinta motivado a agir, transformando curiosidade em compromisso ambiental.
Atualmente, o potencial deste espaço está subaproveitado. Para que a COP seja verdadeiramente inclusiva, é essencial que a Green Zone não seja apenas um palco para iniciativas institucionais, mas sim um laboratório de ideias e um espaço de empoderamento coletivo.
A presença de grandes empresas na Green Zone, muitas vezes ligadas a combustíveis fósseis, é motivo de controvérsia. Apesar de apresentarem iniciativas verdes, muitas continuam a expandir operações prejudiciais ao clima. Palestras organizadas por corporações frequentemente enfatizam mais a autopromoção do que medidas tangíveis para inspirar mudanças. É crucial que eventos como o COP29 promovam transparência e responsabilização, exigindo que as empresas demonstrem ações consistentes e mensuráveis para reduzir suas emissões. Ao mesmo tempo, deve-se ampliar a voz das comunidades locais e ativistas que, com recursos limitados, já lideram projetos climáticos transformadores.
Apenas com uma abordagem inclusiva será possível combater o greenwashing e assegurar que a transição climática seja autêntica e equitativa.
Ver a força e a resiliência dos jovens foi um dos pontos altos destes dias — são eles que exigem um lugar nas decisões e a criar soluções inovadoras. Espaços como o Extreme Hangout mostram como a energia e criatividade das novas gerações podem catalisar mudanças reais.
Uma das maiores lições que trouxe foi o poder das histórias e das ações locais em inspirar mudanças. Projetos inovadores apresentados na Green Zone, assim como iniciativas em comunidades de países em desenvolvimento, reforçam que soluções concretas e replicáveis existem, mas carecem de amplificação e apoio político. Essa abordagem prática pode ser a chave para fomentar um movimento global mais inclusivo e eficiente.
Apesar de décadas de cimeiras climáticas e de declarações ambiciosas, a distância entre os compromissos assumidos e a ação real no terreno continua a ser uma questão alarmante. Na COP29, temas como financiamento climático e mercados de carbono dominaram as discussões, mas persistiu uma sensação de frustração: as decisões tomadas não acompanham a velocidade com que as alterações climáticas estão a moldar o planeta.
A crise climática já é uma realidade para milhões de pessoas em todo o mundo. Comunidades vulneráveis enfrentam tempestades mais intensas, secas prolongadas e a perda de meios de subsistência. No entanto, as respostas internacionais frequentemente ficam aquém do necessário, limitando-se a metas vagas e a promessas de financiamento que, na prática, raramente chegam aos países mais afetados.
A ciência é clara: para evitar os piores impactos das alterações climáticas, as emissões globais precisam de ser reduzidas em 43% até 2030, segundo o IPCC. Apesar disso, muitos dos países mais ricos, que têm a maior responsabilidade histórica pelas emissões, continuam a financiar projetos de combustíveis fósseis e a adiar mudanças estruturais profundas.
O que falta? Não apenas mais ambição, mas também uma vontade política mais corajosa. Precisamos de governos que ouçam os cientistas e as comunidades em vez de cederem à pressão de interesses económicos. Precisamos de um setor privado que reconheça que a transição não é apenas uma obrigação moral, mas também uma oportunidade de inovação e crescimento sustentável. E, acima de tudo, precisamos de cidadãos informados e mobilizados para exigir ação imediata.
A COP29 reafirma a mensagem de que o tempo está contra nós, mas também mostra que, mesmo em cenários de inércia política, há movimentos no terreno a criar impacto. Cada ação, por menor que pareça, contribui para um movimento global que não pode ser ignorado. Agora, mais do que nunca, é hora de transformar as palavras em ação.
Mesmo com os impasses e contradições, saio desta experiência inspirada. Participar em conferências paralelas, como a Climate Action Innovation Zone, mostrou-me exemplos concretos de inovação que podem acelerar a transição para um futuro sustentável. Conheci projetos que vão além das palavras, trazendo soluções reais para os desafios climáticos. Seja através da pressão pública, da liderança juvenil ou do trabalho incansável de ativistas, a mensagem é clara: não há mais espaço para inação. Para aqueles que acreditam que “uma pessoa não pode fazer a diferença”, a COP29 prova que cada voz é essencial.
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