25 anos de “pegada de carbono”. Será este o termo certo?
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“Climate Science Translated” envolve quatro comediantes britânicos que ajudam quatro cientistas do clima a explicar os riscos reais das alterações climáticas, descomplicando a ciência climática.
Apresentando uma narrativa simples e um vilão claro — a indústria dos combustíveis fósseis —, o projeto “Climate Science Translated” junta comediantes e cientistas do clima britânicos para tornar a crise climática fácil de compreender para um público comum — algo que muitos académicos têm dificuldade em fazer.
Apesar de as alterações climáticas serem a maior ameaça que a humanidade alguma vez enfrentou, a investigação da equipa Climate Science Breakthrough, responsável pelo projeto, mostra que apenas 2% do público britânico sabe o nome de um cientista do clima.
“A ciência é absolutamente clara. Estamos a caminhar para danos irreversíveis e potencialmente catastróficos, a menos que atuemos urgente e decisivamente agora. Mas a ciência também não está a chegar a um número suficiente de pessoas, e não está a chegar a elas de uma forma que as faça passar despercebidas. Temos de traduzir os dados para formatos emotivos, partilháveis e acionáveis”, lê-se no site do projeto.
“Se pessoas como eu têm de se envolver, é porque estamos metidos numa alhada”, diz Jo Brand, célebre comediante britânica, que se juntou aos humoristas Nish Kumar, Kiri Pritchard-McLean e Jonathan Pie para “traduzir” os cientistas do clima Mark Maslin, Fredi Otto, Bill McGuire e Joanna Haigh, respetivamente.
Baseado na premissa de que os seres humanos não reagem a dados, mas sim a histórias, imagens e emoções, o projeto conta com quatro vídeos curtos (entre três e cinco minutos) onde os cientistas apresentam factos e previsões das alterações climáticas (acompanhados de gráficos e imagens de fenómenos extremos), que logo a seguir são “traduzidos” pelos comediantes de forma acessível, engraçada, irónica e sem rodeios, o que também ajuda a humanizar os cientistas.
“Estamos a desestabilizar o sistema climático do nosso planeta, o que já está a levar a um aumento dos fenómenos meteorológicos imprevisíveis. Potencialmente, todas as pessoas, em todo o lado, enfrentam agora uma ameaça direta ao seu modo de vida”, afirmação de Mark Maslin, é traduzida para “a sua casa está a arder, mas não se preocupe, a próxima cheia rápida [as chamadas flash floods] deve resolvê-la”.
A investigação da equipa mostra que o humor pode ser uma ferramenta transformadora na comunicação científica e ter um impacto positivo na compreensão das pessoas sobre as alterações climáticas. O projeto já tem milhões de visualizações e ganhou a atenção do grande público, com celebridades como Ellie Goulding, Gary Lineker, Rainn Wilson e Thom Yorke a partilharem os vídeos. Desta forma, a mensagem principal consegue chegar a um público mais vasto.
“Temos de abordar a questão do clima de todos os ângulos e a comédia tem um papel importante a desempenhar”, afirmou o professor emérito Bill McGuire da University College London, que participou no projeto.
No seu vídeo, McGuire defende a ação direta de protesto contra os combustíveis fósseis. “Os governos só farão a coisa certa quando virem milhões de eleitores nas ruas”. Ou como diz a comediante Kiri Pritchard-McLean: “Eu preferia fazer tudo, mas está cientificamente provado que fazer tudo não funciona. Por isso, porque não fazer um grande alarido – antes que seja tarde demais?”
O “Climate Science Translated” pretende levar milhões de pessoas a agir e pressionar os governos para uma mudança urgente, terminando, por isso, com um apelo à proibição de novos investimentos em combustíveis fósseis.
Os vídeos estão disponíveis no site e no Youtube da Climate Science Breakthrough.
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