O estado da Califórnia quer responsabilizar as empresas Exxon Mobil, Shell, Chevron, ConocoPhilips e BP por privarem a opinião pública e os políticos dos factos, causando prejuízos de milhares de milhões de dólares.
O estado norte-americano da Califórnia está a processar cinco das maiores empresas petrolíferas do mundo – Exxon Mobil, Shell, Chevron, ConocoPhilips e BP – por considerar que enganam os cidadãos ao minimizarem os riscos climáticos dos combustíveis fósseis.
A ação judicial, revelada pelo New York Times, deu entrada no Tribunal Superior de São Francisco e pretende também que seja criado um fundo especial, financiado por estas empresas, para pagar os esforços de recuperação necessários devido às tempestades, inundações e recentes incêndios que devastaram a Califórnia. Além das petrolíferas, também a associação American Petroleum Institute é visada.
“Durante mais de 50 anos, as grandes empresas petrolíferas têm-nos mentido, encobrindo o facto de já saberem há muito tempo o quão perigosos são para o nosso planeta os combustíveis fósseis (…). A Califórnia está a tomar medidas para responsabilizar os grandes poluidores”, afirmou o governador Gavin Newsom, em comunicado.
Segundo o processo, as empresas referidas têm conhecimento dos malefícios da queima de combustíveis fósseis desde, pelo menos, a década de 1960. A campanha de desinformação planeada pelas petrolíferas começou em 1970 para desacreditar o crescente consenso científico sobre o aquecimento global e “enfatizar a existência de incerteza”.
A ameaça climática foi minimizada através de declarações públicas e marketing com o objetivo de “atrasar qualquer ação regulatória para reduzir ou controlar as emissões que realmente ameaçam os lucros do setor”, diz o documento.
“Os contribuintes da Califórnia não deveriam ter de pagar a conta de milhares de milhões de dólares em danos causados pelos incêndios florestais que devastaram comunidades inteiras, fumo tóxico que obstrui o ar, ondas de calor mortais e secas recordes”, afirma Newsom.
Esta ação junta-se a outras semelhantes (até agora sem sucesso) avançadas por outros 7 estados e vários municípios norte-americanos nos últimos anos. Acredita-se que o processo agora instaurado terá maior repercussão por ser apresentado pelas autoridades do estado mais populoso, que também é produtor de gás e petróleo.
“O processo da Califórnia é a ação climática mais significativa, decisiva e poderosa dirigida contra a indústria do petróleo e do gás na história dos Estados Unidos da América”, comentou Richard Wiles, presidente da organização não-governamental Center for Climate Integrity, em declarações ao New York Times.