Alecrim aos Molhos. O restaurante e cafetaria onde só o biológico tem lugar

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Alecrim aos Molhos. O restaurante e cafetaria onde só o biológico tem lugar

Fica longe do centro, num bairro que só veio a ganhar com uma oferta fora da caixa. O Alecrim aos Molhos é cafetaria, é mercearia e um exemplo de sustentabilidade.

“Olá Mariana”, cumprimenta uma das primeiras clientes do dia. Mariana responde, dirigindo-se a cada um pelo nome que já sabe de cor.

O almoço ainda está a ser escrito no quadro preto e quando lhe perguntam quais serão as opções, a vegetariana ainda está em dúvida. “À partida será risotto de beterraba, mas ainda vou ver se chegaram beterrabas suficientes”, refere, espreitando para os frescos da mercearia.

No Alecrim aos Molhos, o restaurante e a mercearia vivem em simbiose, sendo que tudo o que é servido à mesa do cliente vem do que é vendido para que em casa possam recriar esta alimentação de base vegetal e biológica.

Aos 18 anos, Mariana mudou-se para Inglaterra onde estudou gestão hoteleira. Sentia que os restaurantes precisavam de ser mais organizados e, ainda em Londres, pôs o que estudou em prática.

Numa das muitas viagens entre Portugal e Inglaterra, conheceu João, com quem tem três filhos. Beatriz, a primeira, nasceu quando ambos ainda estavam fora do país e foi a principal motivação para voltarem aos seus. De regresso, Mariana e João sabiam que queriam abrir um espaço próprio, replicando um pouco do que se habituaram a ter. “Em Londres, todos os bairros, mesmo os que ficam longe do centro, têm um bom café e uma boa mercearia”, explica Mariana, lembrando que na Lisboa de 2018, ano em que regressaram, isso não acontecia.

A vontade de trabalhar com portugueses, e não tanto com turistas, fez com que abrissem o Alecrim na Quinta dos Barros, um bairro fora da rota habitual para este tipo de espaços, mas que serve o bairro, as Torres de Lisboa e as faculdades da zona.

A horta é que manda no menu

Todos os dias, o menu é escrito a giz num quadro que fica perto do balcão. Nada aqui é permanente e tudo vive do que chega dos fornecedores e do que há em stock na mercearia.

As beterrabas lá chegaram a tempo e o risotto pintou de cor de rosa a opção vegetariana. Há também sempre um prato de peixe ou carne, sendo que a carne é biológica e o peixe vem de Sesimbra, certificado como sendo de pesca sustentável. Mas mesmo nas versões com proteína animal, o prato é sempre pensado tendo como base os vegetais. “Servimos uma dose de carne ou peixe mais pequena do que aquela a que os portugueses estão habituados, mas todos temos que comer menos proteína, pela nossa saúde”, recorda Mariana.

Há sempre cereais, legumes cozinhados, saladas e pickles, numa explosão de texturas a cada garfada.

A parte mais difícil chega com a sobremesa. Todas feitas sem açúcares ou farinhas refinadas, o difícil é mesmo escolher entre as tantas tartes e bolos que enchem a montra. Optamos pelo bolo de amêndoa caramelizada, um best seller, e guardamos a (muita) vontade por mais para as próximas visitas.

A sustentabilidade no Alecrim aos Molhos

A mercearia, além de vender produtos biológicos, tem uma secção a granel, com produtos que vão desde as leguminosas aos detergentes.

Não existem sacos à venda, mas o espaço oferece caixas vazias para que os clientes possam levar as compras para casa.

Na cafetaria, o uso do próprio recipiente é incentivado e já são muitos os que o fazem. Lá dentro vão os pratos do dia, mas também as empadas de tempeh, tofu ou carne, e ainda as sobremesas, feitas para provar à fatia ou na versão inteira, por encomenda.

Os ingredientes usados na cozinha são os da mercearia e, por isso, praticamente não existe desperdício. “Se vemos que há algum fresco a precisar de ser usado, será ingrediente no dia seguinte”, lembra Mariana, que na semana passada optou por um risotto de espargos depois de o pai (e sócio) ter feito uma encomenda maior do que era esperado deste rebento.

Já a fruta, quando está demasiado madura para vender, passa a ingrediente dos sumo do dia — as bananas, em específico vão também para a receita de panquecas, essa sim, apenas adoçada com fruta.

É que apesar de falarmos aqui muito dos almoços, o Alecrim está aberto das 10h às 20h (de terça a sexta, aos sábados fecha às 17h), também para pequenos almoços e lanches, com panquecas, papas de aveia, tostas, ovos e iogurtes e frutas.

Seja a que horas for, vá com tempo. Aprecie os sabores, espreite a mercearia e fale com quem o serve. É provável que da próxima já vai ser atendido pelo nome

A Zomato e a Peggada uniram-se no lançamento de uma nova Coleção Eco e Sustentável.

A Zomato é a app de descoberta de restaurantes mais utilizada em Portugal. O conteúdo atualizado inclui os menus dos restaurantes, fotos, moradas e outras informações, os utilizadores podem ainda avaliar e dar opinião sobre os restaurantes. É a app mais completa para quem procura opções para comer fora, serviço de take-away, reservas, soluções contactless para a restauração, e lançou recentemente o serviço de Delivery – nova app Zomato.

Marta Cerqueira é minhota e vegetariana. A sorte é que vive em Lisboa, onde há mais tofu do que sarrabulho. É jornalista há mais de 15 anos, os últimos dos quais a escrever sobre comida e sustentabilidade. Agora, já fora das redações, continua a escrever sempre que pode, seja em revistas, diários, post its, ou na sua página de Instagram, que usa para partilhar uma vida que se divide entre ser mãe-pessoa-foodie-viajante. Ainda assim, criou a Peggada para poder escrever sobre o que não cabe numa revista, num diário, num post it ou no Instagram: um mundo melhor.

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