AGROvila. O projeto que quer aproximar a agricultura familiar dos consumidores
Liderado pelo Instituto Politécnico de Coimbra, o projeto AGROvila visa promover e encurtar os circuitos com o apoio de uma plataforma digital nacional acessível a
Através da app, espera-se promover a diversificação alimentar e uma maior sensibilização para cultivar e consumir mais culturas subutilizadas, como é o caso das leguminosas, cereais e hortícolas.
O projeto de investigação europeu RADIANT – Realização de Cadeias de Valor Dinâmicas para Culturas Subutilizadas lançou a RADIANT APP, uma aplicação gratuita que facilita e fortalece o diálogo direto entre produtores, consumidores e investigadores sobre o cultivo e o consumo de culturas subutilizadas na Europa, incluindo leguminosas, cereais e produtos hortícolas.
Agora, agricultores e consumidores podem trocar informações e conhecimentos, contribuindo para o envolvimento da comunidade, a criação de “Cadeias de Valor Dinâmicas” (CDVs) e o combate ao paradigma agrícola da monocultura e da agricultura industrializada.
“Com a aposta nesta aplicação, a equipa de investigação do projeto dá um passo significativo na promoção da sustentabilidade e diversificação alimentar, esperando que esta ferramenta ajude a sensibilizar e capacitar a comunidade global para os benefícios das culturas subutilizadas”, lê-se na nota de imprensa.
A nova app disponibiliza serviços de marketplace e fórum de conversação, dados sobre benefícios nutricionais, receitas, modos de cultivo e uso eficiente de recursos, notificações e atualizações de notícias sobre boas práticas, eventos e resultados de investigação científica, assim como recursos educativos, nomeadamente para promover a sustentabilidade ambiental e a saúde humana nas escolas.
Liderado pela Universidade Católica Portuguesa no Porto, o projeto abrange 29 entidades, públicas e privadas, de 12 países europeus — Portugal, Eslovénia, Reino Unido, Hungria, Espanha, Grécia, Itália, Alemanha, Irlanda, Bulgária, Países Baixos e Chipre —, e conta com a parceria da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Com uma duração prevista de 4 anos, o projeto tem ainda como objetivo identificar soluções para aumentar o cultivo destas culturas e reforçar a sua integração em cadeias de valor rentáveis e resilientes.
“O RADIANT explora variedades tradicionais que promovem a sustentabilidade ambiental e a saúde humana, combinando a neutralidade climática e a resiliência do sistema agrícola através da redução da emissão de gases com efeito de estufa”, refere em comunicado Marta Vasconcelos, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) e líder do RADIANT. “O grande objetivo desta nova aplicação que estamos a lançar a nível europeu é o de potenciar a comunicação entre produtores e consumidores, para que haja uma maior sensibilização para cultivar e consumir mais culturas subutilizadas, como as leguminosas, os cereais e os hortícolas”, acrescenta.
Nos primeiros dois anos de projeto europeu, os investigadores têm desenvolvido diversas ações com vista a sensibilizar a comunidade e entidades governamentais para os benefícios dos alimentos tradicionais, destacando a sua valorização nutricional e abordando preocupações associadas à sobrepopulação mundial e à possível escassez alimentar.
Financiado pelo programa “Horizonte 2020” da Comissão Europeia, o projeto conta com 20 explorações agrícolas piloto – “explorações AURORA” – que abrangem diferentes agro-ecologias em toda a Europa, e onde serão testadas e demonstradas boas práticas. Em Portugal, há duas explorações AURORA: a BioFontinhas, nos Açores, e o Freixo do Meio, no Alentejo.
“Para a realização do projeto, serão também recrutados 45 agricultores participativos para facilitar a integração destas culturas subutilizadas, realizando uma gestão adaptativa da agrobiodiversidade utilizando ferramentas desenvolvidas pelo próprio projeto”, lê-se no website do projeto.
“Pretendemos demonstrar transições bem-sucedidas para sistemas inclusivos de agrobiodiversidade, melhorando a competitividade de culturas subdesenvolvidas e testando práticas agrícolas sustentáveis”, explica a investigadora. Segundo Marta Vasconcelos, culturas como as lentilhas, ervilhas, diferentes variedades de feijão, árvores de frutos tradicionais e milho painço “são valiosas devido ao seu elevado valor nutritivo, à resistência a ambientes hostis e a solos pobres, e à utilização eficiente da água”.
A RADIANT APP está disponível para iPhone e Android para todos os interessados em promover um futuro mais sustentável e diversificado.
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