25 anos de “pegada de carbono”. Será este o termo certo?
O conceito de “pegada de carbono” foi popularizado pela empresa petrolífera BP no início da década de 2000, com o objetivo de transferir a responsabilidade
Na Releaf Paper, o papel é produzido a partir de folhas caídas em ruas e parques urbanos, que são transformadas em embalagens de papel sustentáveis.
A Releaf Paper é uma startup ucraniana que, em vez de utilizar folhas de árvores saudaveis, utiliza folhas caídas, recolhidas em cidades de toda a Europa, para fazer papel. Uma tonelada de celulose é produzida a partir de 2,3 toneladas de folhas, o que permite salvar 17 árvores que seriam cortadas para fabricar a mesma quantidade.
A ideia surgiu de um dos fundadores, Valentyn Frechka, que procurou descobrir novas formas de produzir celulose através da bioquímica, na escola. Depois de uma experiência falhada com erva e palha, percebeu que era possível extrair fibras das folhas utilizando uma combinação de processos químicos e mecânicos.
Depois de criar um protótipo funcional, mudou-se para Paris devido à guerra na Ucrânia e fundou a startup com o seu sócio Alexandre Sobolenko.
A Releaf Paper recebe as folhas dos ecossistemas urbanos das cidades, principalmente de parques e passeios, que de outra forma seriam queimadas. A recolha é realizada pelos serviços municipais ou por empresas privadas contratadas pelas cidades. Estima-se que uma cidade média recolha pelo menos 8 mil toneladas de folhas por ano e o potencial total da Europa exceda 1 milhão de toneladas apenas nas zonas urbanas.
“Estamos a trabalhar apenas com as folhas que recebemos das cidades porque não podemos utilizar as folhas da floresta. Não é fácil recolhê-las na floresta e não há necessidade porque existe um ecossistema. Numa cidade, é um resíduo verde que deve ser recolhido. Na verdade, é uma boa solução porque estamos a manter o equilíbrio – obtemos fibra para fazer papel e devolvemos a lenhina como semi-fertilizante para as cidades, para fertilizar os jardins ou as árvores. Portanto, é um modelo em que todos ganham”, explica Frechka à Euronews.
O processo envolve a remoção de todos os compostos sólidos das folhas, a sua secagem e transformação em pellets. Desta forma, é possível armazenar a matéria-prima durante todo o ano e assegurar um ciclo de produção contínuo. Os pellets são depois convertidos numa fibra especial que constitui a base do papel e a pasta resultante é prensada e enrolada em folhas de papel.
Apesar de ser um processo tecnológico complexo, a produção é feita com o menor impacto possível no ambiente: emite menos 78% de dióxido de carbono (CO2), gasta três vezes menos eletricidade, utiliza 15 vezes menos água, evita a desflorestação e, uma vez que as folhas são recolhidas exclusivamente em zonas urbanas, não há qualquer impacto negativo no solo ou na vida dos microrganismos. Além disso, o papel degrada-se no solo em 30 dias, enquanto o período de degradação do papel tradicional é de 270 dias ou mais.
A empresa vende papel de 70 a 300 g/m² adequado para diferentes segmentos de clientes: para as fábricas de papel oferece fibra feita de folhas, para os transformadores fornece papel em rolos, e para as marcas e retalhistas tem uma gama de embalagens feitas de folhas caídas, incluindo sacos, envelopes, caixas de cartão canelado, caixas de ovos, entre outros produtos.
Atualmente, a empresa produz cerca de três milhões de sacos de compras por mês e tem como clientes a L’Oréal, CHANEL, Samsung, LVMH, Logitech Schneider Electric, entre outros. Portugal faz parte da lista de mais de 20 países clientes da empresa.
Este mês, será inaugurada a primeira fábrica comercial, nos arredores de Paris, mas a startup espera vir a ter unidades de produção em todo o mundo. Com capacidade para processar 5.000 toneladas de folhas por ano, a primeira unidade, parcialmente financiada pela União Europeia, receberá resíduos verdes da capital francesa.
Frechka já foi reconhecido com vários prémios desde o início da sua empresa e é agora um dos três finalistas do prémio “Jovem Inventor 2024” do Instituto Europeu de Patentes (IEP), cujos resultados serão anunciados a 9 de julho.
De acordo com o World Wide Fund for Nature (WWF), a indústria do papel representa 13-15% do consumo total de madeira e utiliza 33-40% de toda a madeira industrial vendida em todo o mundo. Através da inovação e da produção responsável, a Releaf Paper surge como uma solução alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS 9 e ODS 12).
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