Rise for Impact. A vitória da inclusão e do combate ao desperdício
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A campanha de Natal da Padaria Portuguesa é feita em parceria com a Refood, com o objetivo de angariar novos voluntários para envolver cada mais pessoas no combate ao desperdício alimentar.
A Peggada sentou-se a conversar com Hunter Hadler, fundador da Refood, e com Rita Neto, diretora de marketing e comunicação da Padaria Portuguesa, sobre tudo o que já é feito e toda a vontade que há para fazer ainda mais.
“Rita, as primeiras prendas já chegaram”, diz Hunter, entusiasmado. Tira o telemóvel do bolso e mostra a Rita as fotografias que provam que aos escritórios da Refood já começam a chegar os primeiros brinquedos recolhidos pela Padaria Portuguesa.
Hunter Hadler é o fundador da Refood e Rita Neto é a diretora de marketing e comunicação da Padaria Portuguesa. O casamento profissional entre os dois já tem uns anos. Há pelo menos cinco que as padarias são também centros de recolha de brinquedos em bom estado, para que a Refood os distribua no Natal pelas famílias que apoiam todo o ano.
“O nosso encontro foi muito natural, e trabalhamos juntos desde o início dos dois projetos”, conta Hunter, “no fundo, temos interesses que se cruzam: a Refood quer fazer parcerias com empresas com excedentes e com políticas sócio ambientais fortes”. “E a Padaria Portuguesa luta, desde o início, para que a comida nunca vá para lixo”, complementa Rita.
É por isso que, além de recolherem brinquedos e darem à Refood (e a outras entidades) o que sobra todos os dias em cada loja, a Padaria Portuguesa decidiu que era hora de fazer mais. A campanha de Natal da empresa passa pela angariação de novos voluntários para a Refood, com o objectivo de envolver mais pessoas no combate ao desperdício alimentar.
Num filme emotivo, Hunter Hadler, o fundador da Refood, dá vida a um Pai Natal que entrega “sonhos”, numa história que faz o paralelismo com a sua actividade diária de entrega de refeições. Com o seu chapéu branco e a pedalar na sua bicicleta – ainda hoje o seu meio de transporte pelas ruas da cidade — Hunter fez a sua primeira recolha de alimentos junto de cafés e restaurantes, criando uma organização que representa hoje mais de 60 núcleos espalhados pelo país e ajuda mais de 8 mil pessoas.
“Só quis garantir com o realizador que não tinha que vestir um fato vermelho, nem dizer ‘oh oh oh’”, brinca.
Além do filme, nos balcões da Padaria Portuguesa vão encontrar um panfleto com um QR Code para o link de inscrição como voluntário da Refood. E existem ainda umas caixas de biscoitos especiais de Natal à venda em todas as padarias, e cuja compra reverte 1€ para a causa do combate ao desperdício alimentar.
Há 12 anos a correr as ruas de Lisboa atrás de excedentes de restaurantes para entregar a quem precisa, Hunter nota, ainda assim, uma evolução no que toca ao combate ao desperdício. “Inicialmente eu era visto como o estrangeiro esquisito, que se vestia de branco e andava de bicicleta atrás de comida”, brinca. No entanto, reconhece os entraves das empresas em dar um passo em frente no combate ao desperdício.
“As grandes empresas querem ter lucro. No fundo, é esse o objetivo final. E mesmo quando nos vamos apresentar a uma nova empresa e dizemos que não há custos envolvidos nesta parceira com a Refood, e que a logística é simples, podemos até ter um diretor diga que sim, mas há toda uma equipa de direção que tem que dizer que sim também. Não é fácil ter um consenso e o combate ao desperdício alimentar nem sempre é uma prioridade”, refere
Existe uma evolução, mas Hunter acredita que sem uma lei, a sociedade não avança. “Precisamos que a lei aprovada em agosto e que regulamenta a doação de bens alimentares pelas empresas seja regulamentada”, lembra.
A meio da conversa lançamos uma provocação: em vez de pensarmos em como escoar o desperdício, não devíamos ajustar o stock e produzir menos? Rita Neto tem a resposta.
“A Padaria Portuguesa veio revolucionar um pouco o mercado das padarias e pastelarias, veio profissionalizar este sector. Há 14 anos, as vitrines das pastelarias, às 4 da tarde já não tinham bolos, tinham latas de Coca-colas e Sumol”, lembra.
A Padaria Portuguesa nasceu com três premissas: criar espaços agradáveis para se estar, ter produção própria e com produtos frescos todo o dia, esclarece Rita. “Se a loja está aberta das 7h às 20h, tem que ter produtos até ao final do dia. Não tudo, claro, mas o essencial: pão, bolos inteiros, o croissant brioche ou o pão de Deus, dois produtos icónicos. Esprememos para que seja o mínimo, mas claro que sobra sempre”.
Às 20h, as primeiras pessoas a escolher o que ainda está na montra são os colaboradores. Depois, existem as boxes da Too Good to Go e, depois disso, vêm os voluntários da Refood, paróquias e outras associações, para escoar a quebra.
Este ciclo está assente nos voluntários — e Hunter deixa o apelo: “Notamos que as áreas centrais das grandes cidades têm menos população e menos disponibilidade para fazer voluntariado. Por isso, freguesias como Santa Maria Maior, Campo de Ourique, Santo António, Estrela, são algumas das que mais precisam de voluntários.
Seguindo a lógica da economia circular, com medidas adotadas diariamente, a Padaria Portuguesa tem dado uma segunda vida aos desperdícios. Todos os dias são reaproveitados cerca de 280 quilos de borras de café orgânico, geradas por mais de 19.300 bebidas servidas nas lojas e, que de seguida são utilizadas como fertilizante, dando origem a cogumelos ostra frescos com a assinatura da NÃM. Estes cogumelos são usados nas empadas, sandes e saladas.
Fazem também uma compota de laranja a partir de cascas reaproveitadas dos sumos. Com as cascas de 1.500 laranjas, A Padaria Portuguesa produz cerca de 750kg de compota. Já os pães que não são vendidos em loja, são transformados em tostas artesanais. A lógica do reaproveitamento vai ainda mais longe e chega também à maçã, onde aproximadamente 22 quilos de cascas deste fruto, provenientes dos sumos servidos diariamente, são transformados em 4,5 quilos de farinha de maçã que, por sua vez, é usada nas Areias de Maçã e na base de Tarte de Limão Merengada, produtos feitos nas fábricas locais da marca.
No entanto, e como a sustentabilidade assenta em vários eixos, inclusive a social, perguntamos a Rita se houve alguma evolução desde 2017, altura em que Nuno Carvalho, CEO e fundador Padaria Portuguesa, disse em entrevista que valorizava a “flexibilização da contratação, do despedimento, do horário extra de trabalho”.
A diretora de marketing e comunicação responde: “Posso garantir que há uma grande preocupação com as pessoas que trabalham connosco e há vários programas internos que não costumamos divulgar”, dando dois exemplos: o “Dar a mão” que patrocina os tratamentos prolongados de familiares diretos dos funcionários; quando nasce um filho de um dos trabalhadores, é oferecido um kit à família.
“A nossa pirâmide é muito flat e temos uma relação de proximidade. Existe genuinamente uma preocupação interna com todos os trabalhadores”, garante.
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Este artigo contribui ativamente para a erradicação da pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Este ODS visa também garantir que todos têm direitos iguais aos recursos económicos e acesso a serviços básicos.
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