A COP 27 e as alterações climáticas. Temos todos a mesma responsabilidade?
Sentar centenas de nacionalidades e grupos de interesse à volta de uma mesa não é simples. Chegar a um consenso ainda menos. Mas o que
A COP 27 terminou morna e sem notícias estrondosas. A Peggada faz-te o resumo das principais conclusões.
As alterações climáticas estiveram em cima da mesa nas últimas duas semanas no Egipto. A COP 27 de Sharm El-Sheikh ficou marcada por certos consensos mas também pela falta de ambição por parte de vários líderes mundiais. As nuances da COP 27 demonstram agendas climáticas tímidas e desproporcionais face à dimensão do problema. A Peggada mostra-te alguns dos pontos mais importantes da mais recente COP:
As Conferências das Partes dedicadas às alterações climáticas são uma oportunidade
para que os Estados se unam para debater um problema comum, e essa discussão acaba por atrair muitas outras figuras importantes, como cientistas, jovens ativistas e membros das mais variadas indústrias. E o rumo das negociações pode ser profundamente influenciado por essas figuras presentes, mas também as ausentes. A mais recente COP ficou marcada pela ausência do presidente chinês, Xi Jinping, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Também a Rússia escolheu não estar representada na COP, fazendo com que três dos maiores emissores a nível global mostrassem um claro desinteresse em fazer parte do debate sobre alterações climáticas enquadrado pelas Nações Unidas. Além disso, a conferência contou com mais de 600 representantes pertencentes a lobbies da indústria dos combustíveis fósseis, um aumento de 25% em relação à COP do ano anterior.
A conferência recebida pelo Egipto recebeu desde o início fortes críticas por ter como patrocinador oficial uma das marcas mais poluentes a nível global, a Coca-Cola. Foi neste ambiente que se desenrolaram as negociações em Sharm El-Sheikh e os resultados gerados reflectem isso mesmo.
Há países menos responsáveis pela crise climática. Num paradigma de justiça climática, isso significa que esses mesmos países sejam recompensados pelos países desenvolvidos
por todas as perdas e danos que têm sentido nos seus territórios, que incluem a destruição de infraestruturas essenciais, perdas de vidas humanas e crises de
segurança alimentar. No seu discurso final, António Guterres sublinhou que seria um
ato de justiça a entrega do valor prometido para adaptação (100 mil milhões de dólares anuais) pelos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento. A criação de um Fundo para Perdas e Danos – ainda com várias pontas soltas relativamente à sua operacionalização – é considerada a grande vitória da COP27. Contudo, muitos consideram que é um passo muito pequeno no caminho rumo à justiça climática, isto porque não há forma realmente justa de recompensar os países desenvolvidas pelas perda que têm sofrido e porque mesmo que esse esforço exista, os países desenvolvidos ainda não se mostraram realmente comprometidos em ir à raiz do problema, problema esse que passa por um modelo de consumo profundamente dependente de combustíveis fósseis. Segundo a activista climática Julia Davis, o grau de ambição deste fundo é comparável ao de um vizinho da penthouse que inundou a casa dos vizinhos de baixo por ter deixado a torneira da sua banheira aberta e que se compromete a substituir alguns dos móveis dos vizinhos de baixo mas nunca a fechar efectivamente a sua torneira.
Os cerca de 600 representantes da indústria de combustíveis fósseis não se dirigiram à
maior conferência sobre alterações climáticas em vão. O texto final gerado no Egipto
fala da necessidade de transformar urgentemente os sistemas energéticos e fazer uma
transição para fontes de energia renováveis num esforço de mitigação da crise climática. Contudo, várias partes defendiam um grau de ambição superior que incluiria deixar por escrito a ambição de abandonar totalmente (phase out) a dependência de combustíveis fósseis e de carvão. Seguindo a metáfora em cima utilizada, isto
representaria a formalização da ambição de “fechar a torneira”. Segundo Laurence Tubiana, um dos arquitectos do Acordo de Paris, a influência do lobby fóssil teve impactos profundos na COP27 e acabou por significar a publicação de uma decisão
final sem grandes referências à ciência e condizente com as agendas de Estados ligados à indústria dos combustíveis fósseis. Contudo, nem tudo são más notícias e a conferência serviu para que vários Estados aderissem a um mecanismo proposto pela sociedade civil, a Iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, que pretende proibir e interromper a exploração de combustíveis fósseis e acelerar o
processo de mitigação proposto pelo Acordo de Paris.
Apesar da dificuldade em atingir um consenso, o Secretário Geral das Nações Unidas fez questão de relembrar que “A fonte de energia mais vital do mundo é a energia das pessoas” e que só através de um debate sério sobre alterações climáticas a nível global é que é possível alcançar a meta dos 1.5 graus Celcius. António Guterres dedicou ainda parte do seu discurso final a todos os membros da sociedade civil que pressionam os Estados para a adoção de uma agenda climática realmente impactante, acrescentando “é disso que
precisamos”.
Sentar centenas de nacionalidades e grupos de interesse à volta de uma mesa não é simples. Chegar a um consenso ainda menos. Mas o que
COP, IPCC, UNEP, WMO. A ação climática tem muitas siglas e hoje vamos falar-te mais dobre aquela que não é mais do que a reunião
Com a COP27 quase a começar, fazemos uma revisão à matéria dada, com foco nos principais pontos da COP 26. A 27ª Conferência das Partes
Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
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