A população global de polinizadores, especialmente das abelhas, tem vindo a diminuir, colocando em risco tanto flora selvagem como colheitas.
Os dias começam a ficar mais longos, a temperatura começa a subir e as flores abrem-se à primavera, aumentando o nível de pólen no ar. Esta é a época em que as abelhas e outros polinizadores entram em ação.
É a missão de insetos, pássaros, roedores e répteis ajudar à reprodução da flora, garantindo que novas plantas brotem e que, para o próximo ano, novas cores pintem a paisagem.
Porém, este ano, à semelhança de anteriores, há menos abelhas a voar no céu
português e europeu. Há 15 anos que os apicultores de vários países da Europa
Ocidental, como França, Bélgica, Itália e Espanha, têm registado perdas de colmeias e
abelhas. Atualmente, uma em cada 10 espécies de abelhas e borboletas está em risco de extinção na Europa.
Porque é que isto está a acontecer?
Apesar de não haver uma única resposta a esta pergunta, há vários fatores que têm contribuído para a diminuição das populações dos polinizadores. A principal
prende-se com as alterações na utilização dos solos para a agricultura ou construção de edifícios, que resultam, muitas vezes, na perda ou degradação de habitats. Além destes fatores, acrescenta-se o facto de a agricultura intensiva tornar a paisagem homogénea e acelerar o desaparecimento de flora, reduzindo o número de alimentos disponíveis ou de locais onde os pássaros possam fazer ninhos. Nesta lista,
contam-se ainda os pesticidas e outros poluentes, espécies invasoras (como vespa
asiática, por exemplo) e as alterações climáticas, que estão a provocar o aumento de
temperaturas e eventos meteorológicos extremos.
Que impactos pode ter?
As abelhas, borboletas, beija-flores e outros polinizadores são vitais para a abundância de diferentes espécies vegetais. 78% das espécies de flores selvagens e 84% das espécies nos campos de colheita da UE dependem, pelo menos parcialmente, de insetos para a produção de sementes. Entre estas contam-se maçãs, laranjas, morangos, feijões, pepinos, manjericão, tomilho, tomate, pimentos e muitas outras espécies! Além disso, a polinização feita por insetos e outros animais garante uma melhor qualidade de frutos, vegetais, nozes e sementes.
Se transpusermos este trabalho essencial em números, descobrimos que cerca de 15 mil milhões de euros do rendimento anual da UE com a agricultura são diretamente atribuídos aos insetos polinizadores. Apesar de não ameaçar severamente a produção mundial de alimentos, o decréscimo das populações de polinizadores iria provocar uma quebra substancial na quantidade, qualidade e variedade de alimentos. Este impacto pode até estender-se além da produção de alimentos. Com menos polinizadores, poderá registar-se um declínio de várias espécies de plantas, com impactos na indústria farmacêutica e na própria qualidade do ar. No final de contas, é tão simples (e importante) quanto isto: a nossa espécie e o nosso planeta dependem das plantas e as plantas dependem dos polinizadores. Esta relação deveria ser suficiente para tentarmos proteger ao máximo todas as abelhas, mas também as borboletas, os pássaros e toda a biodiversidade.