A COP26 acabou no sábado, depois de um final de semana complicado, no qual os Estados participantes tardaram em chegar a um acordo. Findas as negociações, deixamos-te aqui as 5 principais conclusões da 26ª Cimeira do Clima das Nações Unidas.
Tempo para agir está a esgotar-se
O acordo final estabeleceu um consenso claro entre todas as nações que é preciso fazer mais e já, para evitar uma subida catastrófica das temperaturas globais. O planeta já aqueceu 1,1ºC em relação à era pré-industrial e limitar a subida da temperatura a 1,5ºC tem de ser a prioridade de todos, reiterou o secretário-geral da ONU.
+ Ambição
Durante o último mês, milhares foram as vozes de ativistas e cientistas a apelarem para planos mais ambiciosos e um corte brutal de emissões já em 2030. Apesar de não ter alcançado a escala que muitos desejavam, essa ambição acabou por ficar parcialmente espelhada no documento final. Neste, além de se pedir aos governos que apresentem planos de redução das emissões mais ambiciosos já no próximo ano, os países mais desenvolvidos terão de “pelo menos duplicar” o financiamento a países mais pobres para projetos de mitigação das alterações climáticas
EUA e China prometem ajuda mútua
A China, que não enviou uma missão oficial de alto-nível a Glasgow, assinou um acordo bilateral com os EUA no qual ambos se comprometem a colaborar na corrida para o corte de emissões de gases de efeito de estufa. Não obstante o caráter vago do documento, este acordo acaba por ser um sinal importante para o mundo, tendo em conta que estes dois países são os maiores poluidores mundiais.
Desflorestação
Líderes de mais de 100 países, incluindo o Brasil, China, EUA e Rússia, comprometeram-se a acabar com a desflorestação e a degradação dos solos até 2030. Este acordo cobre mais de 85% das florestas do planeta e conta com ajudas no valor de 16,5 mil milhões de euros.
Metano
Mais de 100 líderes concordaram em cortar as emissões de metano mundiais em 30% até ao final da década. Apesar de o metano durar menos tempo na atmosfera que o CO2, as moléculas individuais de metano têm um efeito de aquecimento mais poderoso na atmosfera, por isso, reduzi-lo rapidamente tem impactos muito positivos. Caso esta meta seja alcançada, a subida da temperatura global seria reduzida em 0,2ºC até 2050.
Apesar destes progressos, houve vários líderes a ecoarem as vozes dos jovens ativistas, confessando que era necessário ir mais longe. Para a Ministra do Ambiente das Maldivas, o acordo final “não está em linha com a urgência e escala necessárias” (The New York Times). Já a Representante da Suíça afirma que é necessário acabar com o uso dos combustíveis fósseis e não “diminuir o seu uso”, como acabaria por ficar gravado no acordo final. De resto, estes apelos alinham-se com o pensamento da comunidade científica de há vários anos, que agora relembra que, mesmo com as mudanças já em curso, o planeta ainda está em direção a uma subida da temperatura de 2,4ºC e só alcançando a neutralidade carbónica em 2050 será possível travar o aumento a 1,5ºC.
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