Hoje em dia é quase impossível falar da Amazónia e não nos lembrarmos dos fogos que devastaram a floresta brasileira em agosto de 2019. Passou mais de um ano e o impacto dos incêndios ainda está por apurar, mas há uma nova preocupação sem precedentes. Um estudo divulgado esta quinta-feira, 29 de abril, revela que a desflorestação e degradação das florestas tropicais, em especial da Amazónia, poderá agravar as alterações climáticas.
A floresta, que é considerada um dos “pulmões” do planeta e representa metade das florestas tropicais do mundo, libertou mais dióxido de carbono do que aquele que devia absorver nos últimos dez anos.
Aquilo que está a acontecer é que além da desflorestação de que a floresta amazónica brasileira tem sido alvo nos últimos anos — só em 2019 perdeu mais de nove mil quilómetros quadrados de vegetação, segundo o Instituto Nacional de Investigação Espacial brasileiro —, de 2010 a 2019 a libertação de dióxido de carbono foi superior em 18% à retenção.
As degradações da floresta contribuíram três vezes mais (73%) para as perdas de carbono do que a desflorestação (27%), de acordo com os investigadores. Porque é que isto deve ser motivo de preocupação? Porque a floresta que antes funcionava como travão do aquecimento global, está agora a caminhar em sentido inverso.
“É a primeira vez que vejo números que mostram uma inversão e que a Amazónia brasileira é emissora” de carbono, disse Jean-Pierre Wigneron, investigador do Instituto Francês de Investigação para a Agricultura, Alimentação e Ambiente (Inrae), de acordo com o “Diário de Notícias” que cita a AFP.
Uma vez que as florestas absorverem entre 25% e 30% dos gases de efeito estufa emitidos pelo ser humano, é fundamental protegê-las, porque, alerta Wigneron, as florestas tropicais são a “última salvação” do planeta.