A decisão da Universidade de Cambridge surge na sequência de uma campanha de estudantes e académicos da universidade britânica.
A Universidade de Cambridge deixou de aceitar temporariamente donativos de empresas de combustíveis fósseis, em resposta ao escrutínio e pressão crescentes no meio académico. A moratória sobre a aceitação de fundos de empresas de petróleo e gás foi proposta por académicos preocupados com a sua influência na investigação académica.
A universidade afirmou que a suspensão foi implementada “tendo em conta o seu compromisso de enfrentar as alterações climáticas através de uma transição para um mundo sem carbono”. A moratória durará até que o processo de aceitação de donativos seja revisto.
Segundo o grupo de estudantes Cambridge Climate Justice, trata-se da primeira vez que uma universidade do Reino Unido decide suspender as parcerias de financiamento da investigação com a indústria dos combustíveis fósseis.
“Aceitar financiamento de empresas de combustíveis fósseis valida a indústria numa altura em que está a ameaçar a viabilidade futura da vida na Terra, nomeadamente através do desenvolvimento de novas infraestruturas de petróleo e gás”, disse ao Financial Times Jason Scott-Warren, professor de literatura moderna em Cambridge, que apoiou a moratória.
Em comunicado, o Cambridge Climate Justice não deixa de destacar a medida como “um grande passo para acabar com o greenwashing, salvaguardar a integridade da investigação, proteger a liberdade académica e acabar com o apoio institucional a uma indústria que lucra com os danos causados às pessoas e ao planeta. Este é um passo fundamental para uma política permanente de investigação livre de fósseis”.
A medida foi tomada depois de um relatório liderado por Nigel Topping, antigo enviado das Nações Unidas para as alterações climáticas, ter alertado para o “elevado risco para a reputação” associado ao financiamento de Cambridge por parte de empresas de combustíveis fósseis, recomendando o corte de relações com as mesmas, numa mudança para empresas de energias renováveis.
Segundo o relatório independente, os grupos petrolíferos e de gás doaram uma média de 3,3 milhões de libras por ano à universidade nos últimos seis anos.
Este estudo foi encomendado pelo Conselho Universitário em resposta a uma proposta feita por membros da universidade, em julho de 2022, que apelava ao fim de todos os patrocínios e colaborações com empresas envolvidas na indústria dos combustíveis fósseis.
De acordo com a análise de dados da universidade feita pelo Financial Times, as empresas britânicas Shell e BP doaram à universidade pelo menos 19,7 milhões de libras em fundos filantrópicos e de investigação entre 2016 e 2023.
Ambas as empresas apoiaram a investigação em Cambridge sobre tecnologias destinadas a impulsionar a transição para uma energia mais limpa. Estas incluem a captura e armazenamento de carbono, uma tecnologia criticada por alguns especialistas por desviar a atenção da necessidade de reduzir as emissões.
Embora a Shell confirme que o seu investimento na universidade nos últimos três anos se tenha centrado na transição para energias mais limpas, a BP refere que não esteve envolvida na vertente petróleo e gás da investigação universitária nos últimos cinco anos.
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Esta medida é reflexo da Lei de Clima e Resiliência, aprovada no ano passado no Parlamento. A publicidade a combustíveis fósseis e a quaisquer produtos
Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
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