O metano, invisível ao olho humano, tem mais de 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono. A Google ajudará o Fundo de Defesa Ambiental a quantificar e a rastrear as emissões de metano até à sua origem.
A Google vai ajudar a localizar grandes emissões de metano a partir do espaço, utilizando dados fornecidos pelo satélite do Fundo de Defesa Ambiental (EDF), MethaneSAT, que deverá entrar em órbita num foguetão SpaceX no próximo mês de março.
A uma altitude de mais de 563 quilómetros, o satélite de alta resolução orbitará a Terra 15 vezes por dia e irá quantificar e rastrear as emissões de metano até à fonte com uma precisão sem precedentes, sejam elas de elevada emissão ou pequenas fontes espalhadas por uma área ampla.
Os dados de satélite, combinados com inteligência artificial, algoritmos, computação em nuvem e serviços de cartografia como o Google Maps, o Street View e o Waze, permitirão calcular a quantidade de metano emitida, monitorizar as emissões ao longo do tempo, identificar infraestruturas de petróleo e gás (como poços ou contentores de armazenamento de petróleo) em todo o mundo e compreender melhor a forma de reduzir estas emissões.
Os algoritmos são alimentados pelo Google Cloud e foram desenvolvidos em colaboração com cientistas da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Harvard e do seu Centro de Astrofísica e com cientistas do Observatório Astrofísico Smithsonian.
“Com esta informação, as empresas de energia, os investigadores e o setor público podem tomar medidas para reduzir as emissões das infraestruturas de petróleo e gás de forma mais rápida e eficaz”, afirma a Google, no seu blog.
As informações estarão disponíveis no final deste ano no website do MethaneSAT e acessíveis através do Google Earth Engine (plataforma de monitorização ambiental à escala planetária). Ao disponibilizar os conjuntos de dados do MethaneSAT no Earth Engine, que conta com mais de 100.000 utilizadores ativos mensais, torna-se mais fácil para os investigadores, organizações e outros utilizadores identificar tendências e compreender as correlações entre as atividades humanas e o impacto ambiental.
Por exemplo, os utilizadores do Earth Engine podem combinar dados de metano com outros conjuntos de dados, como cobertura do solo, florestas, água, ecossistemas, fronteiras regionais, para acompanhar as emissões de metano numa área específica ao longo do tempo.
O metano, invisível ao olho humano, tem mais de 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, na sigla em inglês).
Apesar dos compromissos assumidos pelas empresas e pelos governos para diminuir as emissões, não é claro se a existência de mais dados resultará necessariamente em reduções, na ausência de uma regulamentação mais rigorosa.
As emissões de metano provenientes de combustíveis fósseis são significativamente subnotificadas. Num estudo de 2018, cientistas do EDF revelaram que as emissões das operações de petróleo e gás nos EUA eram 60% mais elevadas do que os inventários da Agência de Proteção Ambiental. Além disso, novas provas empíricas baseadas em observações por satélite sugerem que o metano das operações globais de petróleo e gás é 30% superior aos valores comunicados às Nações Unidas ao abrigo do Acordo de Paris.
“A nossa missão consiste em agir e ajudar os países, as empresas e as comunidades a controlar e a reduzir as emissões mais rapidamente, documentando simultaneamente os seus progressos”, afirmou Steve Hamburg, cientista principal do EDF, de acordo com uma transcrição de uma sessão de esclarecimento online com os jornalistas. “Trata-se também de uma responsabilização, dando aos decisores políticos, aos investidores e ao público uma oportunidade sem precedentes de ver e comparar esses resultados”.
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