Rita estudou Gestão, já teve uma marca de roupa e nunca pensou que a sustentabilidade viria a ser o seu trabalho. Mas é.
Em 2019 o chip mudou e agora é através da página Plant a Choice que divulga vídeos educativos, dicas, além de promover os ebooks e workshops que preparou para ajudar cada vez mais gente a seguir este caminho mais verde.
Todos seguimos os teus vídeos, mas queremos saber mais sobre quem está por trás deles.
Tenho vindo a partilhar mais sobre mim, mas é algo que não me sai tão naturalmente como quando partilho algumas das minhas ideias. Tenho 26 anos, estudei Gestão e desde pequena que queria ser gestora, mas tinha esta parte criativa dentro de mim. Sempre fiz muitos trabalhos manuais, cheguei até a ter uma marca de roupa com a minha irmã. Desenhávamos e costurávamos as peças. Houve também uma altura em que tocava e compunha músicas.
Apesar desta parte criativa, optei por seguir Gestão, porque sempre gostei de criar conceitos e produtos que sejam úteis para as pessoas. Trabalhei como consultora estratégica durante 2,5 anos e a meio decidi criar o Plant a Choice para partilhar as minhas ideias sobre a área da sustentabilidade. E é a forma de aliar a parte criativa com esta parte mais estratégica.
De que forma aconteceu esta vontade de trabalhar na área da sustentabilidade?
A grande mudança aconteceu em 2019. Fui operada a uma hérnia discal e tive que estar em repouso durante algum tempo. Dediquei uma boa parte dessas três semanas de repouso a ler mais sobre sustentabilidade e quando esse período acabou pensei que não só tinha mais ferramentas para alterar os meus hábitos diários, como também podia partilhar mais sobre o que tinha aprendido. Foi aí que nasceu o Plant a Choice, de uma forma bastante informal e sem nunca pensar que esta página algum dia poderia ser mais do que um hobbie.
Este é atualmente o teu trabalho?
É parte do meu trabalho. Despedi-me do meu antigo emprego e agora, além do Plant a Choice, também dou aulas na faculdade. Tenho dois part-times.
Dentro do Plant a Choice, a fonte de rendimento são as parcerias com marcas, os workshops e os dois ebooks, um sobre receitas contra o desperdício e outro de projetos de reutilização de materiais para fazer com crianças.
O que mudou no teu dia a dia desde que te tornaste mais sustentável?
Mudou muita coisa. Mudou a forma como utilizo a água, a forma como consumo, o modo como me desloco. Entre apanhar um Uber e apanhar um transporte público, eu opto pelo transporte público.
Partilhaste alguns pormenores de uma viagem que fizeste às Maldivas. Também a tua forma de viajar mudou?
Encarei esta viagem de uma forma diferente, quando comparado com as anteriores que tinha feito. Antigamente, nem me passava pela cabeça ver, por exemplo, as emissões da viagem de avião. Ainda ponderei se devia ir ou não, mas acabei por ir e aproveitei para mostrar a quem me segue as imagens tanto de natureza como de plástico que encontrava em todo o lado.
De todas as mudanças, qual foi a mais difícil?
A mudança na alimentação levou algum tempo. Agora é de base vegetal, mas demorei um ano para deixar de comer carne. Ainda como peixe, mas deixo apenas para ocasiões em que não há outra opção. Agora, assim a mais difícil, acho que é mesmo o uso de papel higiénico. Trocar o papel higiénico pelo bidé portátil está a ser um processo e ainda não estou no ponto onde queria estar.
As pessoas só veem o resultado final no teu Instagram. Como é o trabalho de bastidores?
Há muito trabalho no computador, principalmente quando são publicações mais informativas. Leio muito e tento sintetizar informação de forma a ser mais fácil de perceber. Quando faço os vídeos, os bastidores são de muita desarrumação (risos). Aí tenho que pensar na ideia, pensar como a concretizar, testar quando não tenho prática, preparar guiões. Dá bastante trabalho.
Quem são as tuas maiores influências nesta área?
Uma das primeiras pessoas que eu comecei a seguir em Portugal foi a página da Maria Granel, da Catarina Barreiros e da Joana Guerra Tadeu. Já estrangeiras gosto muito da Gittemary, adoro os vídeos dela, a Immy Lucas e a Shelbizleee também são grandes inspirações.
Que peggada queres deixar neste planeta?
Defendo sempre que devemos ter compaixão com os outros e perceber que é importante fazermos o máximo de mudanças, mas perceber que essas mudanças podem ser difícieis para outras pessoas. Cada um está no seu caminho e todos juntos vamos conseguir. Eu não vou conseguir fazer tudo, mas se todos fizermos um bocadinho a mudança vai ser grande.