Plant a Coral. Sabias que podes adotar um coral e apoiar a sua investigação?
Criado pelo Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, o projeto Plant a Coral visa resgatar os espécimes capturados acidentalmente em redes de
“Mulheres do Mar” é um projeto que explora as histórias de mais de 600 mulheres que, movidas por uma relação emocional com o mar, decidiram dedicar as suas vidas à proteção dos oceanos.
Inserida na Década do Oceano da Agenda 2030, a iniciativa centra-se nos objetivos de desenvolvimento sustentável 5 (promoção da igualdade de género e empoderamento de todas as mulheres) e 14 (conservação dos oceanos) através de quatro vertentes: documentários, campanhas de comunicação, uma minissérie de quatro episódios e um hub digital com todas as mulheres do mar.
A Peggada falou com Raquel Clemente Martins, uma das responsáveis pelo projeto, para perceber como chegaram até estas mulheres — que vão desde artistas plásticas e desportistas a investigadoras e biólogas marinhas — e o impacto que a partilha das suas vivências pode ter.
Recebi um convite para fazer outro tipo de produção sobre mulheres que não foi para a frente e entretanto surgiu-nos a ideia de, em vez de irmos à procura de mulheres especialistas no mar, irmos à procura de mulheres que têm uma relação emocional com o mar.
Percebemos que isso era uma coisa que normalmente não se fazia e que estamos mais habituados a ver as especialistas do mar, normalmente apresentadas como tendo “profissões de homens”. Nós quisemos afastar-nos de todos esses preconceitos. Estamos interessadas na relação emocional que as mulheres têm com o mar.
Foi sempre uma questão de passa-a-palavra. Nós, as mulheres, temos essa capacidade — lembramo-nos sempre daquela amiga que fez ou está a fazer qualquer coisa interessante e queremos sempre partilhar.
No entanto, como nenhuma das três mulheres que iniciaram este projeto tinha ligações profissionais ao mar (só emocionais), tivemos a sorte de ter uma amiga, chamada Raquel Costa, especialista em literacia do oceano, que começou a espalhar a palavra e a dizer-nos com quem podíamos falar.
Normalmente, quando acabamos uma entrevista, temos sempre mais duas ou três mulheres novas recomendadas por uma dessas mulheres do mar. Agora, por exemplo, estamos a fazer uma entrevista com uma italiana que conheci nos Açores, que já nos deu mais cinco mulheres do mar em Itália. Nos Açores, íamos filmar 36 e filmámos cerca de 56, mais uma vez graças ao passa-a-palavra.
Há sempre uma conversa telefónica primeiro e estas mulheres ficam registadas para que, assim que seja possível, falarmos com elas.
Algumas desfrutam do mar, algumas têm medo do mar, outras tiveram situações traumáticas com o mar. Quando nós dizemos “relação emocional”, pode ser também uma relação menos boa. Todas elas têm uma grande proximidade ao mar, elas precisam do mar de forma a estarem completas, a estarem bem consigo mesmas, mesmo aquelas que tiveram uma relação negativa. Isso é o que as separa de todas as outras.
Elas não são só pessoas que gostam do mar, elas são sempre cuidadoras. São pessoas que gostam do mar e por isso cuidam dele, a título individual ou até mesmo de forma profissional.
Há muitas mulheres que têm realmente uma relação mais com a água, com o rio, o lago ou a nascente, mas sempre uma grande proximidade com a água.
Podemos enumerar uma série de impactos. Acho que ter um grupo de mulheres, que já são mais de 600, com uma voz em prol da proteção dos oceanos é sempre relevante, seja a nível social, de comunidades ou de decisões políticas.
É sempre relevante ouvi-las pela sua relação com o mar, mas também porque muitas delas têm também uma especialização numa área concreta do mar.
Elas também são uma voz ativa da proteção do oceano e poderão ter impacto dessa maneira. Também poderão criar um sentimento de comunidade, de que não estamos sozinhas nesta luta por uma parte do nosso planeta tão grande. Ter uma comunidade também nos ajuda a nível individual, oferecendo apoio emocional e espaço para a partilha de ideias.
Essencialmente, quando pensámos em juntar estas mulheres e em ouvir a sua voz foi porque gostamos de acreditar que elas são um excelente exemplo, e os exemplos são inspiradores, são catalisadores e geram mudança. Não posso dizer que o impacto será nesta ou naquela pessoa, para mim isso é irrelevante. O que é mais importante é pensar que alguém vai ser impactado e esse alguém já vai fazer a diferença em relação ao oceano. Já vai valer a pena termos ouvido as histórias destas mulheres. E já se sente isso, porque cada vez que divulgamos uma entrevista ou informação, há sempre alguém que diz “eu também sou uma mulher do mar, eu também estou a fazer isso, eu também quero pertencer”.
Portanto, é nisso que acreditamos: na voz delas. Que possam mobilizar pessoas, não só aquelas que estão motivadas, mas também aquelas que nunca tinham pensado nisso. Ouvimos dizer “é a minha casa, estou petrificada por causa daquilo que está a acontecer aos oceanos”, “estou preocupada com o impacto dos plásticos ou dos produtos de limpeza”, sem nunca ter pensado que o esgoto vai dar ao mar. Às vezes são “cliques” das conversas que gravamos. Não sabemos como, mas hão-de tocar alguém – e tocam sempre.
Mas o objetivo maior do projeto é realmente chegar a 2030 com um grande legado para deixar para a próxima década sobre a proteção do oceano, sobre a forma como estas mulheres o protegeram.
Significou principalmente um empurrão. Sentimos que era a altura de dar o passo. Aconteceu ao mesmo tempo em que recebemos um apoio para ter uma base de dados com um software dedicado (CRM) para gerir todos estes nomes e identidades que já partilharam connosco as suas experiências.
Como já tínhamos a “casa organizada”, decidimos dar o salto para avançar para uma visão mais global, e esse foi sempre o sonho: que um dia tivéssemos mulheres do mar em todo o lado. Ultrapassámos as 500 em Portugal, depois resfriámos porque não tínhamos a tal base de dados e, agora que temos, vamos avançar.
Precisamos de criar uma estrutura mais sólida a nível nacional para conseguirmos ter uma equipa dedicada a trabalhar para todas estas mulheres e países que estão a aderir – Espanha, França, Itália, Líbano, Suécia, Noruega, Cabo Verde e Canadá. Não temos mais, não por não querermos, mas porque temos de ir devagar para não as deixarmos para trás.
O documentário está a ser realizado com o apoio do Governo dos Açores, que terá uma palavra a dizer sobre a estreia do documentário, na certeza, porém, que estará depois disponível para toda a gente ver. Se conseguirmos que ele passe noutras plataformas, estaremos sempre disponíveis para isso. No entanto, já demos um “cheirinho” das mulheres que entrevistámos.
Sobre os próximos documentários [Portugal continental e internacional], ainda não sei. Neste momento estamos a terminar o dos Açores e estamos abertas para convites para filmar mais mulheres do mar, onde quer que estejam, mas precisamos realmente de apoio financeiro para conseguirmos fazê-lo.
O nosso lema, muito interno, tem que ver com as oportunidades que vão surgindo. Vamos fazendo o nosso trabalho, vamos juntando mulheres, recolhendo os seus testemunhos e promovendo o que elas estão a fazer. Com os recursos que temos, vamos fazendo a ligação entre ciência e comunicação, mostrando de forma muito simples o impacto das alterações climáticas, da sobrepesca e da fast fashion, uma área que estamos muito interessadas.
Quando nos aparece algum financiamento que nos permite filmar, vamos ouvir mais histórias.
Neste momento, estamos abertas a conhecer pessoas que se queiram juntar a nós e que possam ajudar de alguma maneira. Mas principalmente, queremos mais mulheres do mar. Está aberto a todas as idades, a pessoas que se identifiquem como mulheres, porque estas pessoas são normalmente cuidadoras por natureza e o nosso mote é “Quem ama cuida e quem cuida ama”, esse é o nosso caminho – cuidar do oceano porque o amamos.
A nível internacional, já apresentámos o projeto num evento cultural na Noruega [Kulturnatt, em Fredrikstad], que nos convidou a participar. Foi a primeira vez que o apresentámos oficialmente a nível internacional, a não ser na UNESCO. Mas também precisamos de financiamento e parceiros para fazermos aquilo a que chamamos as nossas expedições, quando reunimos entre dez a 20 mulheres do mar e vamos filmá-las.
Precisamos de financiamento e parceiros locais para conseguirmos ter uma equipa base em Portugal que garanta a internacionalização do projeto e que consiga dar resposta a estas mulheres. As mulheres do mar são todas voluntárias do projeto, mas precisamos de apoios porque as nossas equipas, como a de produção dos documentários e de backoffice, são todas pagas.
A nível dos parceiros locais, seria muito interessante colaborar, por exemplo, com as câmaras municipais e já tivemos algumas que se mostraram interessadas. Mas o seu apoio financeiro e local não é suficiente, temos de arranjar mais parceiros para fazer as ditas expedições a diferentes zonas do país.
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Este artigo aborda uma ação que promove a conservação e o uso de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Este ODS visa prevenir e diminuir a poluição marinha de todos os tipos, em particular de atividades terrestres.
Esta publicação também está disponível em: English (Inglês)
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