Antes de comprares um novo ar condicionado, o melhor é consultares que tipo de gás e usado. Ah, e reciclar (e bem) o velho. Sabe mais sobre este projeto que te dá uma ajuda no processo.
Os chamados gases de refrigeração (gases fluorados, HFC) que provêm de aparelhos como ar condicionado e frigoríficos são ainda mais prejudiciais para o planeta do que o dióxido de carbono (CO2). Além de terem um impacto 23 mil vezes maior para o aquecimento global, ficam na atmosfera 50 mil anos.
Os números são assustadores, mas, de acordo com Ana Pereiro, investigadora principal da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa, citada pela agência Lusa, segundo a SIC Notícias, é possível combater este flagelo.
A sugestão está comtemplada na investigação levada a cabo no âmbito do projeto KET4F-Gas (no qual participaram 13 sócios e seis entidades associadas de quatro países europeus), cujo objetivo foi arranjar uma forma de separar e reciclar os gases fluorados que contribuem para a emissão de gases com efeito de estufa.
Primeiro, a ideia é usar tecnologias inovadoras para fazer a devida separação e reciclagem, processo que vai começar a ser testado numa empresa gestora de resíduos já em outubro.
Depois, é essencial também sensibilizar a indústria e os consumidores para o impacto destes gases. Quanto à indústria, foi desenvolvido um manual de boas práticas, que indica, entre outras coisas, que as empresas que instalem equipamentos com gases HFC devem ter certificação.
Já para os consumidores, foi criada uma ferramenta online gratuita — uma espécie de “etiqueta energética”, explica Ana Pereiro — para que antes de investirem num novo equipamento, analisem qual o tipo de gás usado em cada um e qual o menos poluente.
“As pessoas, quando pensam em aquecimento global, só pensam no dióxido de carbono”, afirma a também coordenadoras do projeto.
Contudo, o problema não está no facto de os equipamentos usarem gases fluorados, mas sim o que acontece quando deixam de servir o propósito. “Muitas pessoas tiram o cobre dos equipamentos e libertam todo o gás para a atmosfera”, alerta a especialista.
Uma vez que as temperaturas extremas que temos visto dominar vários países nos últimos anos vão continuar (ou quem sabe piorar), prescindir do ar condicionado, por exemplo, não é uma opção. A melhor forma de fazer um bom uso do mesmo é escolher o que contém gases menos poluentes e, quando deixar de funcionar, reciclar o equipamento.
