SOS: Salvem a Nossa Escola. O filme para todos os que acreditam no futuro
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“Carne: a pegada insustentável” é o primeiro documentário português a abordar a urgência de uma mudança nos padrões de alimentação da população mundial, privilegiando uma dieta plant-based (de origem vegetal). Falamos com o eurodeputado independente Francisco Guerreiro, que se juntou ao realizador Hugo de Almeida para desenvolver um filme baseado em entrevistas feitas a diversos especialistas, nacionais e internacionais, que tem estreia mundial marcada para o próximo dia 25 de novembro, para depois correr o país.
1. Com tantas formas de abordar o tema, porquê um documentário?
Acho que é muito mais educativo, muito mais informativo e chega a mais pessoas. Uma das grandes dificuldades que temos no Parlamento Europeu é mostrar o nosso trabalho, as nossas ideias e tudo o que envolve os temas que conseguimos abordar no documentário, como a legislação de bem estar animal ou legislação ambiental. Nesse sentido, achamos que o formato documentário seria o ideal.
São 70 minutos focados neste tema e de uma forma apelativa a todas as faixas etárias e a todos os géneros. É também uma forma eficaz de as pessoas partilharem nos seus grupos.
2. De que forma tem levado estes temas ao Parlamento Europeu?
São temas que não têm a prioridade dada a tantos outros, mas deveriam ter. Para isso basta olharmos para o impacto que temos nos recursos hídricos, na gestão dos solos ou na emissão de gases com efeito de estufa. E também na produção agrícola e de pecuária, que requerem uma área grande.
Se juntarmos todos os passos, desde a produção até ao prato, nomeadamente a gestão dos resíduos, o desperdício alimentar, o transporte, etc, falamos de 26 a 33% das emissões totais com efeito de estufa.
No início do mandato, tivemos uma revisão da política agrícola comum, uma oportunidade para mudar o modo como produzimos alimentos, mas não aconteceu. E isto sabendo que 28% do orçamento é alocado à política agrícola comum, mas o dinheiro público não está a ser bem utilizado, está a ser usado para a destruição massiva dos ecossistemas.
3. De que forma considera que esse dinheiro devia ser utilizado?
Tínhamos propostas no início do mandato para transformar a Política Agrícola Comum numa ferramenta de transição política, ou seja, ajudar os agricultores que normalmente trabalham com a pecuária e os laticínios a transitarem para modelos plant based. A ideia é que deixassem de produzir o que era habitual, para passarem a produzir, por exemplo, leguminosas ou outras produções de base vegetal.
Quando fui relator sombra por parte dos Verdes do Fundo Europeu para os Assuntos dos Mares e das Pescas, que é o fundo da UE para apoiar as pescas, — uma espécie de irmão gémeo da Política Agrícola Comum, que serve para apoiar a agricultura e a pecuária —, tivemos a oportunidade de propôr usar esse dinheiro para transitar para a aquacultura de algas, um produto que importamos a 95% do estrangeiro. Mas, mais uma vez, esse dinheiro foi usado para incentivar a pesca. Mais uma vez, uma má gestão dos dinheiros públicos.
4. Essa falta de dinheiros públicos, ou a sua má gestão, é a razão principal para a falta de produção plant based? Ou falta ainda interesse do público que justifique esse investimento?
Não, de modo algum. O crescimento do setor plant based tem sido extraordinário, cerca de 10 a 12% na União Europeia. O que verificamos é que o preço condiciona mas, lá está, se essa produção tivesse sido apoiada, os valores não seriam tão altos. Vermos também que existe o aumento do interesse dos cidadãos, mas também das nações: a Dinamarca lançou um plano para a produção e consumo plant based. Mostra que há uma vontade da população, mas também da indústria. Em Portugal perde-se muito a oportunidade de investir nesse setor, porque não há vontade política.
5. Portugal segue esta tendência de aumento de interesse por produtos plant based?
Sim, basta ver que quando houve uma redução do IVA nas bebidas vegetais, o consumo disparou, o que mostra que as políticas são fundamentais para incentivar ou desincentivar o consumo de certos produtos. Mas não há uma estratégia nacional para o setor plant based, como vemos agora na Dinamarca, e que vai desde a produção, distribuição, consumo e gestão de resíduos.
6. O que podemos esperar do documentário “Carne: a pegada insustentável”?
Tentamos unir o melhor dos dois mundos: usar informação científica para fundamentar o porquê de ser necessário passarmos para um estilo de vida plant based, nas três grandes áreas — saúde, ecologia e direitos dos animais, às histórias das pessoas. Decidimos partilhar algumas histórias que mostram como as mudanças das gerações mais velhas são impulsionadas pelos mais novos, pela sua vontade de mudar mais rápido, porque já conhecem os impactos do consumo. Essas histórias levaram-nos a Beirut, no Líbano, para conhecer o primeiro hospital plant based do mundo, por exemplo.
O documentário está muito bem conseguido, o realizador, Hugo Almeida fez um storytelling muito bom e, mais do que estar a chocar as pessoas com a realidade ou a apontar o dedo, quisemos mostrar a transformação que já está a acontecer.
7. Onde vai ser possível assistir ao documentário?
O documentário vai estar disponível no site do projeto, onde temos toda a informação extra e depois de dia 25 de novembro, data da estreia no Cinema Fernando Lopes, vamos correr o país para mostrar o documentário e só depois, em abril, vamos disponibiliza-lo online, de forma gratuita.
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Este artigo aborda uma ação que promove a aprendizagem ao longo da vida e contribui para a educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis.
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