Uma equipa de investigadores portugueses vai desenvolver uma ferramenta de inteligência artificial que recebe informações em tempo real de sensores colocados em locais de risco, com o objetivo de apoiar os decisores políticos no combate à degradação da qualidade da água.
Uma equipa de investigadores portuguesa recebeu um financiamento superior a 4 milhões de euros para o desenvolvimento de uma ferramenta suportada por Inteligência Artificial para prevenir o impacto das alterações climáticas e globais provocadas pela atividade humana na contaminação das águas subterrâneas.
Através de uma abordagem de nova geração de Recarga Controlada dos Aquíferos (MAR), ao receber informações de vital importância (tecnologias inovadoras, preferências dos agentes sociais, avaliação de riscos e recomendações políticas, entre outros), a ferramenta tem a finalidade de melhorar a qualidade e a quantidade das águas subterrâneas. Pretende-se que o MAR2PROTECT leve a uma melhoria acentuada da proteção das águas subterrâneas em toda a União Europeia, assim como a criação de conhecimento para uma gestão sustentável da água e o apoio aos decisores políticos no combate à degradação da qualidade da água.
Em Portugal, a fase de teste será implementada no Rio Lima, no Norte de Portugal, que tem sido um ponto sensível de poluição de águas subterrâneas; e nas Águas do Tejo Atlântico em Frielas, que serve os Municípios da Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas, Sintra e Vila Franca de Xira. No entanto, esta ferramenta vai ainda coletar informações de diferentes ecossistemas, incluindo Itália, Espanha, Holanda, Tunísia e África do Sul, para captar uma ampla gama de informações e configurações de condições climáticas, poluição e contexto social.
“As alterações climáticas e globais têm um sério impacto na saúde e bem-estar humanos, bem como na segurança alimentar e na biodiversidade. As metas de poluição zero planeadas para 2030 pela União Europeia só poderão ser atingidas se ações urgentes forem tomadas”, refere Ana B. Pereiro, investigadora da FCT NOVA, em comunicado. “O MAR2PROTECT procura um forte envolvimento de entidades legisladoras nacionais e europeias que, em colaboração com diferentes especialistas, garantirão o reforço das políticas europeias e a colaboração na implementação de políticas para prevenir a contaminação das águas subterrâneas.”
O projeto MAR2PROTECT é um consórcio coordenado pelos investigadores da FCT NOVA Ana B. Pereiro e João M. M. Araújo, que envolve sete Organizações de Investigação e Tecnologia (CIIMAR, CETAQUA + AQUATEC, IHE, IT, ISSBAT, FHNW e SUWI), duas universidades (UNIBO e KTU), uma entidade de transferência de tecnologia (FEUGA), três empresas de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais (AdTA, Dunea e HERA) e uma administração pública (City of Cape Town).