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As instituições financeiras podem utilizar as tecnologias da Web3 para indexarem o dinheiro a recursos naturais, colocando assim a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente em primeiro plano.
No que diz respeito ao dinheiro, temo-nos centrado sobretudo na sua funcionalidade — a utilidade como meio de troca, reserva de valor e unidade de conta. Historicamente, demonstramos ingenuidade e negligência sobre a forma como o dinheiro tem vindo a ser representado ao longo dos tempos, desde peles de animais e conchas até ao papel e as moedas com metais preciosos dos nossos dias. No entanto, em termos gerais, o dinheiro não evolui muito ao longo dos séculos. Se o considerarmos como a tecnologia — uma aplicação para usos práticos – o dinheiro serve hoje os mesmos propósitos que servia no século XVII.
Curiosamente, e tendo em conta que tudo fazemos por inovar quase todos os aspetos do dia-a-dia, a inovação monetária foi maioritariamente esquecida.
Num mundo onde o foco está em tornar quase tudo melhor, mais fácil e mais sustentável, como é que se explica que o dinheiro não tenha merecido a mesma atenção? Por que motivo não melhorámos o dinheiro? E porque não tomamos em consideração o seu impacto negativo no meio ambiente?
À medida que vamos descobrindo cada vez mais sobre os muitos efeitos devastadores das alterações climáticas, é urgente criarmos esforços coletivos no sentido de tornar a proteção ambiental numa característica central do sistema financeiro global, incluindo os fluxos de capital. Uma forma de fazê-lo consiste em emitir moedas digitais de forma responsável, através de blockchains sustentáveis. Nem toda a tecnologia blockchain contribui para a degradação do meio ambiente. Na verdade, pode permitir transações ecologicamente responsáveis e com a possibilidade de reverter os efeitos das alterações climáticas, em vez de contribuir para esta crise.
“O dinheiro tem geralmente um custo elevado.” – Ralph Waldo Emerson
Quando ouvimos as palavras “saúde económica” pensamos imediatamente no estado da economia. Uma economia saudável significa crescimento do PIB, altos níveis de emprego e confiança do consumidor. Por todo o mundo, uma boa saúde económica é definida pelo aumento da produção e do consumo. Mas essa definição não contempla os elevados custos para o planeta que uma economia brilhante traz consigo. Ignora o desperdício que resulta de uma boa economia e do quadro financeiro que permite a fácil circulação de dinheiro, atravessando fronteiras e mares. No nosso sistema económico atual, descartamos os custos da poluição e do consumo excessivo de recursos naturais.
Está na altura de assumir que o dinheiro e as operações diárias do sistema financeiro global, incluindo os amplos fluxos de capital que por ele circulam, contribuem fortemente para a atual crise ecológica. As emissões de gases de efeito estufa associadas a “atividades de investimento, de crédito e de subscrição das instituições financeiras são, em média, acima de 700 vezes mais elevadas do que as suas emissões diretas”, de acordo com um relatório divulgado em abril pelo CDP, uma organização sem fins lucrativos que apoia, por meio de pesquisas, a criação de uma economia sustentável.
A moeda física acompanha cegamente tudo o que a economia faz – funciona como um lubrificante e a sua oferta expande e contrai por forma a atender às necessidades da economia. Não oferece nenhuma funcionalidade que atenda aos custos ecológicos decorrentes da sua utilização. As moedas digitais, no entanto, podem ser “inteligentes” nesse aspecto. Para além de servirem as necessidades monetárias da economia, podem servir outras necessidades, incluindo a proteção ambiental e a regeneração ecológica.
A tecnologia blockchain pode e vai mudar o mundo. Disso. estamos certos, uma vez que permite inovar na forma como procedemos a transações no dia a dia. Graças à tecnologia blockchain, podemos criar criptomoedas que, quando amplamente adotadas, podem ajudar a reverter a nossa atual crise ecológica.
Atualmente, contratos inteligentes e algoritmos de reserva como aqueles que são usados na blockchain da Celo podem permitir o aparecimento de stablecoins indexadas ao capital natural. Este mecanismo pode ajudar a sustentar um sistema monetário no qual o crescimento económico — e o aumento da circulação de stablecoins — levaria à preservação e regeneração de recursos naturais. Embora a tecnologia seja recente para muitos, a ideia original de moedas indexadas ao capital natural foi introduzida por Charles Eisenstein no seu livro “Economia Sagrada”.
Eisenstein observou que, uma vez que o valor do dinheiro deriva de qualquer mercadoria que lhe serve de “padrão” de valorização, as pessoas vão querer sempre criar mercadorias desse tipo. Por exemplo, quando o dinheiro estava indexado ao ouro, as pessoas corriam a extraí-lo tendo em conta o valor que tinha. O ouro era dinheiro. De igual modo, quando o gado funcionava como padrão para o dinheiro, as pessoas tinham o incentivo de aumentar a produção de gado. E por que não, propôs Eisenstein, indexar o dinheiro a coisas que
valorizamos e que são cada vez mais escassas — florestas virgens, rios limpos, etc.
Por que não, de facto?
O mundo deve abraçar uma nova perspectiva de saúde económica, avaliando, não só a produção e o consumo, como também a forma como o sistema financeiro global afeta o estado do nosso planeta. Se dermos prioridade à sustentabilidade ecológica a longo prazo através do uso de tecnologias emergentes como a blockchain, podemos ir mais além da sustentabilidade e chegar a regenerar o planeta.
Saiba mais sobre a forma como a Celo e outras organizações financeiras e económicas estão a unir esforços com vista a combaterem as alterações climáticas através de iniciativas como a Climate Collective.
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Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
Esta publicação também está disponível em: English (Inglês)
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