Quinta da Quinhas. É cowork, é alojamento, é um ponto de encontro
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A Biovilla é uma cooperativa que sonha no coletivo. Todos fazem tudo, até porque o objetivo é manter vivo um espaço que é alojamento, mas também restaurante, centro de permacultura e exemplo de sustentabilidade. A Peggada fez uma visita a este espaço da Arrábida e comprovou que de lá não se sai o mesmo.
São 10 da manhã. Margarida e Carolina já fizeram o pequeno-almoço dos hóspedes, já levantaram a mesa, lavaram a loiça e começam a fazer a lsita mental do que ainda está na lista de afazeres do dia. Mas, antes, uma pausa.
Põem a música bem alto e, de pé descalço como sempre acontece sempre que se entra na Biovilla, e com movimentos livres, dançam.
Durante a primeira música ficamos só a observar esta forma de acordar para o dia. À segunda não resistimos e é ver-nos a render-nos ao espírito da Biovilla, um espaço que nasceu para transformar pessoas.
Não é só um alojamento, apesar de ter oito quartos que recebem até 24 hóspedes. Não são um restaurante, mesmo que sirvam almoços e jantares por encomenda. Não são uma escola, ainda que por lá se aprenda muito. A Biovilla é difícil de descrever numa frase, mas Rivis Ferreira, responsável pelo marketing, faz uma tentativa: “É uma cooperativa para o desenvolvimento sustentável e a regeneração”. Ainda que a sustentabilidade e a regeneração caminhem de mãos dadas, Rivis prefere focar-se no último conceito, que define como “transformar algo que já existe em algo melhor”.
E é isso que a Biovilla faz, num trabalho cooperativo que faz daquele espaço um caso como poucos em Portugal. “Só não evoluímos para uma comunidade, devido aos entraves na construção. Por fazermos parte do Parque Natural da Arrábida, toda a área possível de ter construção já está a ser usada, mesmoq ue, no total, tenhamos 55 hectares de espaço livre”, conta Rivis.
Jaque Santos, que entretanto se junta à conversa, explica que é nesse espaço exterior que fazem hortas, apostam na permacultura e em projetos com sementes nativas. Chegaram até a recolher sementes pela serra para serem distribuídas pelo país, principalmente por zonas atingidas por incêndios.
O grande problema da região, e que afeta este trabalho feito com a terra, é mesmo a falta de água. “Temos três poços que, este verão, secaram antes do previsto. Foi o segundo ano consecutivo em que tivemos que comprar água”, lamenta.
A sustentabilidade em cada pormenor
No check in, todos os hóspedes são alertados para este problema de escassez de água e, por isso, ninguém estranha que ao lado do chuveiro esteja um balde para que se encha com a primeira água do banho, aquela que ainda vem fria, mas que pode servir para, por exemplo, deitar na sanita ou lavar a loiça.
Os banhos querem-se curtos, até porque há muito para fazer ao longo do dia. Primeiro, e à nossa espera, o pequeno-almoço mais caseiro que já tivemos oportunidade de provar. Vegetariano, como tudo o que é servido na Biovilla, é composto por papas de aveia com fruta, especiarias e frutos secos; ovos mexidos, pão (caseiro, sempre que possível); requeijão de um produtor vizinho, fruta da época fatiada, bebida de aveia caseira e chá de ervas frescas. Ah, e na primeira refeição são dados a cada hóspede um copo e um guardanapo de pano, convidando-os a mantê-los como seus até à saída.
Também é possível almoçar ou jantar na Biovilla, sempre por marcação. “A ideia é sempre evitar o desperdício”, refere Rivis. São fãs da cozinha criativa, ou seja, pensar num prato com os ingredientes que têm disponíveis. Por 20€ por pessoa, há sopa, prato, sobremesa, água, chá e café. Mas não é uma concha de sopa ou um prato já feito. Há toda uma panela de sopa, uma travessa de lasanha e outra de crumble de maçã, que já se sabe que numa cozinha que parece de avó, ninguém passa fome.
Uma cooperativa que queria ser uma comunidade
A escassez de água, que limita a presença de fauna e flora no local, e as limitações de construção, que impedem que possam receber mais pessoas, são dois entraves à expansão da Biovilla para outros horizontes.
Ainda assim, e além do alojamento, a Biovilla divide-se entre espaço de cowork, de retiros, de aulas de yoga, ou de dança. E é em todas essas vertentes que se divide Jaque, Rivis, Margarida, Carolina e o resto do staff e dos voluntários, que tanto podemos ver a tratar das faturas, como a limpar os quartos. “Todos fazemos de tudo”, salienta Rivis, que quando chegamos estava a preparar o lançamento de uma campanha no Instagram, mas já tinha feito um bolo para o lanche.
O alojamento, esse, divide-se em quartos duplos ou triplos com ou sem casa de banho privada e um quarto especial, porque não tem paredes e fica no meio da natureza, com acesso a uma casa de banho seca.
“Queremos que as pessoas que nos visitam saiam daqui transformadas”, explica Jaque. E é o que acontece. “Valorizamos a regeneração do território, mas também a humana e apercebemo-nos de grandes transformações. Para muitos, é na Biovilla que se dá o primeiro contacto com uma casa de banho seca, uma refeição vegetariana, o mexer na terra ou o poupar a água do banho para lhe dar uso. “O que mais queremos é que quem nos visite leve um pouco da Biovilla consigo”. Connosco veio muito.
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