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O Capítulo Perfeito pode começar a qualquer momento. São as ondas que mandam e, por isso, o respeito pela natureza no mundo do surf está a crescer.
Num evento com um impacto ambiental substancial, o objetivo é reduzir e mostrar de que forma é possível fazer diferente. Falamos com Rui Costa, o organizador do evento, sobre a compensação carbónica e outras iniciativas ambientais a decorrer durante este campeonato internacional de surf.
O surf requer paciência e estar pronto para avançar a qualquer momento. No fundo, e a natureza (e as ondas) que ditam a melhor hora de entrar na água.
O Capítulo Perfeito powered by Billabong, campeonato internacional de surf que vai juntar alguns dos melhores tube riders do mundo na praia de Carcavelos, está prestes a começar e estende-se num período de espera até 9 de março. Este ano, tal como tem vindo a acontecer, o compromisso com a sustentabilidade ambiental é uma prioridade.
“Quando há três anos decidimos calcular a pegada carbónica do evento percebemos que 80% era fruto dos voos. Afinal, recebemos centenas de pessoas e muitos dos surfistas que participam no campeonato correm o mundo à procura das melhores ondas”, conta à Peggada Rui Costa, organizador do evento. Além das viagens, o tipo de material utilziado na construção das pranchas ou na sua manutenção (uso de resinas, por exemplo), fazem do surf um desporto com algum impacto. “Mas ao mesmo tempo, super ligado à natureza”, conclui.
Foi por isso que deu início à parceria com a Reflora, uma startup ambiental que se dedica a calcular, reduzir e compensar a pegada carbónica dos seus parceiros. A organização do Capítulo Perfeito vai medir as emissões de carbono do evento, revertendo esse mesmo impacto ambiental através do investimento compensatório num projeto verde. Em concreto, a equipa da Reflora vai calcular (em tCO2e) as emissões carbónicas decorrentes da ativação do campeonato, permitindo aos organizadores adquirir créditos de carbono proporcionais às emissões geradas e, posteriormente, aplicar esse montante num programa de intervenção ambiental e comunitária criteriosamente selecionado.
Em 2024, o projeto escolhido pela organização do Capítulo Perfeito powered by Billabong para atingir a neutralidade carbónica foi o “The Envira Amazonia Project”, localizado na floresta amazónica brasileira, que tem como objetivo primordial prevenir a desflorestação planeada (para conversão em áreas de pasto) e melhorar a qualidade de vida das comunidades locais.
Através deste investimento, consagrado com um certificado e selo de compensação de valor internacional, a organização do evento estará a contribuir para a proteção de mais de 39 mil hectares de floresta e a preservação de 7 espécies de animais e mais de 30 espécies de plantas em elevado risco de extinção. Estará também a beneficiar diretamente 200 famílias locais, garantindo o acesso a cuidados de saúde e educação e financiando o desenvolvimento de infraestruturas.
Em paralelo, o evento em si esforça-se para, a cada ano, ir introduzindo mudanças que vão diminuindo o impacto e incentivando à mudança.
“Já diminuímos em 40% a presença de lonas e outros materiais publicitários e, aqueles que são utilizados são entregues às 3C’s (Comunidades Criativas de Cascais) para serem reciclados e reutilizados na produção de diversos produtos, como puffs, carteiras, etc.” explica Rui.
Além disso, durante o evento estará disponível um espaço para reciclagem de fatos de surf e o catering oferecido aos participantes terá opções vegan. Todos os excedentes serão doados, reduzindo assim o desperdício alimentar.
O Capítulo Perfeito é um evento móvel que, ao longo dos anos, tem tido lugar em diferentes praias do país, todas elas reconhecidas internacionalmente pela qualidade das suas ondas, como são os casos da praia de Supertubos em Peniche (2012 e 2013), praia do Norte na Nazaré (2016 e 2017/2018) e praia de Carcavelos em Cascais (2014, 2015, 2019/2020, 2022 e 2023). Em 2024, a prova terá novamente lugar em Carcavelos, onde celebrará a sua 10ª edição.
Marta Cerqueira é minhota e vegetariana. A sorte é que vive em Lisboa, onde há mais tofu do que sarrabulho. É jornalista há mais de 15 anos, os últimos dos quais a escrever sobre comida e sustentabilidade. Agora, já fora das redações, continua a escrever sempre que pode, seja em revistas, diários, post its, ou na sua página de Instagram, que usa para partilhar uma vida que se divide entre ser mãe-pessoa-foodie-viajante. Ainda assim, criou a Peggada para poder escrever sobre o que não cabe numa revista, num diário, num post it ou no Instagram: um mundo melhor.
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