Lisboa é a primeira cidade europeia a implementar a iniciativa das hortas verticais rotativas. O Porto vai seguir-lhe o exemplo.
As hortas verticais têm 6 metros de altura e 2 de largura. Este sistema, relativamente aos sistemas tradicionais, traz vantagens: permite poupar 90% de água e 50% de energia, poupando também na mão de obra, e ainda ajudam a aumentar a produtividade em 10 vezes, comparando com a agricultura tradicional.
O projeto, criado para uma exposição do Museu da Cidade de Lisboa para ilustrar uma Lisboa no futuro, acabou por ir mais além. O projeto ganhou forma e chama-se agora Upfarming, uma iniciativa que tem como objetivo promover a sustentabilidade e a alimentação ecológica em centros urbanos, onde não existe tanto espaço para a agricultura tradicional.
O projeto começou em Lisboa, mas o objetivo é a expansão, até porque a ideia é oferecer a possibilidade de adquirir produtos frescos mesmo em centros urbanos, onde há falta de terrenos agrícolas.
Como refere ao Eco Margarida Villas Boas, uma das fundadoras da Upfarming, este projeto vem diminuir a cadeia de produção, pois reduzem-se também os gastos com transporte, refrigeração, armazenamento e embalagens, bem como o desperdício alimentar, devido à melhor gestão de colheitas. Mas há mais vantagens, como é o facto de estas hortas serem de fácil manuseamento e poderem ser utilizadas por qualquer pessoa (incluindo crianças e pessoas com mobilidade reduzida), além de serem mais económicas e de baixa manutenção do que outras soluções semelhantes.
Existem ainda algumas arestas a limar, uma vez que este tipo de agricultura não pode ainda ser utilizado em todas as situações. Por exemplo, devido à sua dimensão, é um sistema que compensa mais para um grupo alargado de consumidores, cerca de 40, como um bairro ou comunidade, e não tanto para consumo individual. Por outro lado, devido ao peso, não é adequado para instalar em coberturas de prédios.
No entanto, estas limitações já estão a ser estudadas de forma a serem mitigadas e as vantagens continuam a ser superiores às desvantagens. Nomeadamente em relação às emissões de carbono inferiores, ao menor consumo de água e maior aproveitamento de matéria orgânica que iria ser desperdiçada em aterros, relativamente à agricultura tradicional.
Apesar de cada torre produzir cerca de uma tonelada de alimentos por ano, ocupar apenas 10m2 e de ser uma boa opção para muitos locais, Margarida Villas Boas adverte para o facto de esta ser uma solução complementar e não de substituição total da agricultura horizontal, e lembra que os progressos que têm sido feitos nesse sistema também são benéficos, como a agricultura regenerativa e a plantação de agroflorestas.