Há mais portugueses flexitarianos, mais a mudar pela saúde e marcas com vontade de mudar. O retrato da alimentação em Portugal traçado num novo estudo.
Os hábitos alimentares em Portugal estão a mudar e para um mundo melhor. Se juntarmos vegans, vegetarianos e flexitarianos (os chamados veggies), são já 1.018.000, após se juntarem mais 250 mil entre 2019 e 2021 (o que representa um aumento de 33%).
Estes dados foram apurado num estudo da Lantern, consultora de estratégia e inovação, especialista no setor alimentar, designado “The Green Revolution 2021 Analysis Report“, e divulgado esta sexta-feira, 12 de novembro. Entre as várias conclusões, a investigação indica ainda que dentro dos veggies, grande parte (9,3%) considera-se flexitariana, o que representa um aumento de 27% em dois anos.
Os números são animadores e demonstram uma predisposição e consciencialização da população portuguesa para a necessidade de mudar os hábitos alimentares em prol do planeta — mas não só.
Aliás, a sustentabilidade é curiosamente um dos últimos motivos pelo qual os portugueses tem adotado uma alimentação de base vegetal em detrimento da carne e do peixe. 68% dos flexitarianos atribui a mudança a questões relacionadas com a saúde, 30% à preocupação com os animais (também para os vegetarianos e vegan é o segundo maior motivo, embora com uma maior taxa de 69%) e no que diz respeito à sustentabilidade, a alimentação motiva apenas 29% — número menos positivo, tendo em conta que em 2019 as razões ambientais representavam 47% da mudança.
Numa análise mais geral, o estudo conseguiu perceber que a camada mais jovem da população, entre os 18 e os 34 anos, é a que mais tem alterado a alimentação.
Ainda há um longo caminho para percorrer, que passa não só pelos consumidores, como pelas marcas, que já estão a tornar as embalagens mais sustentáveis e a criar alternativas vegetais, mas de acordo com David Lacasa, partner da Lantern, empresa autora do estudo, o caminho vai além de “criar apenas mais salsichas ou mais hambúrgueres, mas sobretudo desenvolver a categoria e opções no âmbito dos legumes”, afirma.
“É preciso que estas propostas sejam saborosas, convenientes, disponíveis e práticas de consumir”, continua.
A solução passa por criar mais apoios para o desenvolvimento de projetos no âmbito das alternativas vegetais e por colocar no mercado produtos acessíveis financeiramente.
Uma das empresas a dar esse passo é a Sonae, que refere que os produtos de marca própria que tem desenvolvido no setor vegetal vão continuar a ser uma aposta. “Não só porque é um segmento de futuro, bom para o negócio, mas que toca num outro tema que é o da sustentabilidade, onde a nossa marca própria tem um papel dinamizador da mudança”, disse Diogo Lourenço, Unity Business Manager da Sonae na apresentação do estudo esta quinta-feira.
A Nestlé assumiu o mesmo compromisso, afirmando que quer “criar todas as suas soluções para, em todas as categorias, ter uma alternativa à origem animal”.
3 Comentários
Olá Sofia! O “flexitarianismo” é quando se reduz ao máximo a ingestão de carne e peixe, mas não de um modo radical. A ideia é consumir uma dieta vegetariana mas ocasionalmente, comer carne ou peixe. O consumo de peixe e carne é a excepção e não a regra. Esperamos ter esclarecido 🙂
O q são flexitarianos?