O carvão acabou mais cedo do que previsto e o futuro passa pelas energias renováveis. Saiba tudo sobre esta mudança importante em Portugal.
20 de novembro. Este foi o dia em que deixou de haver carvão na Central Termoeléctrica do Pego, em Abrantes, que, tal como a de Sines, era uma das principais responsáveis pela emissão de gases poluentes para a atmosfera, em Portugal. A alternativa? Fontes de energia renovável e de gás natural para a produção de eletricidade.
O fim da produção na Central Termoeléctrica do Pego estava prevista para 30 de novembro. No entanto, a escassez antecipada do carvão fez com que o momento marcante chegasse mais cedo.
Para a associação ambientalista Zero esta é uma “data histórica”, dado que encerra anos de impactos negativos para o planeta.
“Entre 2008 e 2019, a Central do Pego representou, em média, anualmente, 4% das emissões totais nacionais de gases com efeito de estufa”, refere a associação, citada pelo jornal “Público“. Em suma, todos os anos eram libertados em média 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono, número que agora vai ficar próximo de zero com a alteração das fontes de energia usadas.
“O recurso a centrais de ciclo combinado a gás natural (…) se traduz em emissões de pouco mais de um terço por cada unidade de eletricidade produzida em comparação com o carvão”, explica a Zero.
A central de Sines está encerrada desde janeiro de 2021 e quanto à do Pego o futuro está ainda em aberto. Está tudo nas mãos de um júri que vai escolher um projeto de reconversão a propósito de um concurso lançado pelo governo em setembro e com data de entrega (entretanto estendida) até 17 de janeiro de 2022.
O avanço para fontes alternativas ao carvão é tão importante quanto a criação de uma alternativa para os cerca de 150 trabalhadores da central Tejo Energia, em Abrantes, que ficaram sem emprego.
Esta situação desencadeou protestos a 14 de novembro, devido à situação instável em que os trabalhadores foram colocados perante o anúncio do encerramento da central marcado para 30 de novembro, sem qualquer indicação de que seriam integrados neste processo de transição, assumindo novas funções.
O único plano é o encerramento da central e o fim da produção energética a partir de carvão — apresar de o Governo ter referido que criou “majorações” no concurso que está a decorrer, de modo a proteger o emprego dos trabalhadores.
Para já, o que está em marcha é um apoio da Trustenergy (uma das detentoras da central Tejo Energia) no sentido de ajudar os trabalhadores mais qualificados a encontrar uma nova oportunidade de emprego através de uma empresa especializada na colocação de recursos humanos. “São pessoas que, obviamente, vão trabalhar para outras regiões do país, não vão ficar em Abrantes”, afirmou José Grácio, presidente executivo da Trustenergy, ao site local de notícias “mediotejo.net“.
Quanto aos mais velhos, têm sido feitas negociações nos últimos meses, sendo que alguns saíram com indemnização pelos anos de casa.