Começar por fazer mudanças numa divisão da casa é uma boa estratégia. Vamos abrir armários e frigorífico, ver o que temos e trabalhar a partir daí. Temos boas dicas para começar, ora vê.
As alterações climáticas já são demasiado evidentes para que continuem a ser ignoradas. No entanto, os nossos hábitos de consumo são difíceis de largar.
Mas para termos o mundo que queremos ter — mais limpo, mais equilibrado —, temos mesmo de repensar a forma como nos comportamos.
No entanto, para muitos o problema continua a ser por onde começar. Estamos aqui para mostrar que ser sustentável não é um bicho de sete cabeças: não é necessário vivermos no campo, sermos agricultores, vestir serapilheira ou regressar às cavernas para termos uma casa sustentável.
Vamos começar pela cozinha: deixamos aqui 5 dicas em como ser mais sustentável nesta divisão especial da casa.
Não é complicado, mas fica o aviso: não é preciso ser perfeito, o que importa é começar e para isso temos de dar um passo de cada vez.
1. Ter uma alimentação à base de vegetais
Pode parecer um pouco radical, mas ao reduzirmos o consumo de carne e peixe,
reduzimos também a criação de resíduos não compostáveis como ossos, peles, escamas, espinhas, etc. Ao mesmo tempo que contribuímos menos para as criações em massa de gado, grande responsável pelo consumo de água potável, desflorestação, aumento das emissões de carbono e metano, etc. Mas calma! Não precisamos de nos tornar veganos de um dia para o outro, podemos simplesmente reduzir de forma gradual. O equilíbrio é a chave, e a saúde também agradece.
2. Separar o lixo orgânico
Sabias que o lixo orgânico, quando não tem condições naturais para se decompor e fica fechado dentro de sacos de plástico, liberta gases nocivos para a atmosfera? Daí ser tão importante esta dica: devemos separar o lixo orgânico, como cascas de frutas, vegetais, cascas de ovos, talos de couve, etc., de preferência crus e/ou sem temperos. Depois podemos compostar em casa, no jardim, ou levá-lo a um compostor urbano — que já existem em várias cidades —, ou ainda doar a quem tem hortas e/ ou jardins.
3. Comprar a granel
É uma das formas mais eficazes de evitar o desperdício de alimentos e o plástico em excesso.
Comprar a granel permite-nos poupar dinheiro, pois muitos destes produtos são mais
baratos, permite-nos evitar o desperdício alimentar, porque compramos apenas o que
necessitamos, e permite ainda reutilizar os nossos próprios recipientes, evitando encher a despensa com mais caixas, sacos, pacotes, latas, etc. que depois de vazias podem ter pouca utilidade prática.
Além disso, permite enviar a mensagem às indústrias alimentares de que não queremos mais plásticos desnecessários, obrigada!
4. Utilizar aquilo que já existe em casa
Devemos reutilizar sempre que possível todos os materiais/ utensílios que já temos antes de comprar novos, ou que vêm com os alimentos que compramos: caixas, frascos, tabuleiros, etc. Podemos utilizar os frascos para armazenar os nossos produtos comprados a granel, por exemplo. Outro exemplo são as caixas de plástico dos take away, que podem ser utilizadas como recipientes para a comida, tanto para nós como para as visitas que queiram levar um pouco do jantar ou do bolo que sobrou.
As garrafas da polpa de tomate podem ser utilizadas como garrafa reutilizável, em vez de comprar nova: para ter junto da secretária, para ter água fresca no frigorífico, para fazer limonada, e até para reservar chá, já que elas aguentam as altas temperaturas da água a ferver.
5. Aproveitar as sobras de comida
Para evitar o desperdício alimentar podemos fazer novos pratos com sobras de comida, isto caso não se queira repetir o prato ou se não correu assim tão bem: o arroz ficou sem sal? Vamos fazer um empadão e acrescentamos mais um pouco; Ficou com sal a mais? Vamos fazer uns croquetes de vegetais e adicionamos mais uns ingredientes.
Quando temos alimentos que já não estão em condições para uma refeição, podem sempre ser usados para alimentar os animais: se tivermos sementes ou frutos secos que já não estão muito saborosos, podemos fazer snacks para aves e esquilos (desde que não tenham sal, claro). Se tiver uma couve que ficou esquecida no frigorífico por demasiados dias, pode servir para alimentar galinhas, por exemplo. Se tiver um óleo vegetal que passou do prazo ou já não tenha um sabor tão fresco pode sempre fazer sabões artesanais ou aproveitá-lo para passar nas tábuas de madeira da sua cozinha, ou até mesmo em móveis de exterior (de madeira) que já estejam
ressequidos. As superfícies ficam mais protegidas, mais bonitas e essa gordura acaba por não ser desperdiçada nem produzir poluição do solo ou da água.
Claro que o melhor é prevenir que os alimentos se estraguem e, para isso, é aconselhável que tenha sempre a despensa e o frigorífico bem organizados e limpos.
Como dissemos, não interessa que comece em força e a 100% se depois se vai cansar, desmotivar e desistir, voltando aos velhos hábitos. O que importa é começar, mesmo que seja devagar. Até porque os hábitos demoram o seu tempo a ficarem para sempre.
Por isso não se desmotive! E sim, mesmo que seja apenas uma pequena alteração, faz
muita diferença.