O mês da mobilidade que se quer estender por todo o ano
A Semana Europeia da Mobilidade acontece de 16 a 22 de setembro, mas as atividades relacionadas ao tema prolongaram-se no tempo até quase final de
Apoiadas pela Norrsken Foundation, que financia projetos com a ambição de ultrapassar os maiores desafios do mundo, estas startups mostram que ideias não faltam para salvar o planeta.
“Ei, tu! Sim, tu. Pára de ser tão miserável o tempo todo. Sabias que há literalmente milhares de pessoas por aí a trabalhar em soluções alucinantes para os maiores desafios do mundo?” É desta forma disruptiva que a Norrsken Foundation pretende que sacudamos a complacência e o derrotismo infelizmente comuns perante as notícias diárias dos efeitos das alterações climáticas e previsões ainda piores.
Definindo-se como uma fundação “não religiosa, não partidária e sem fins lucrativos” e com “uma forte crença no altruísmo efetivo”, a Norrsken trabalha para financiar alguns dos projetos mais audazes do mundo. Desde 2022 que esta instituição seleciona 100 dessas iniciativas na lista Impact/100: da Indonésia à Suécia, passando pela China, a Nigéria e os EUA (entre outros países), o seu objetivo é criar um ecossistema de cooperação para empresas cujo foco está — para citar apenas alguns exemplos — na educação, na construção sustentável, no fintech e nas energias verdes.
Percorrendo a lista de 2023, escolhemos 10 dos projetos mais interessantes relacionados com sustentabilidade e ambiente:
A criação desmedida de gado bovino traz graves problemas ecológicos. Mesmo que excluamos as questões éticas da exploração animal, a quantidade de metano que as vacas produzem e a produção agrícola necessária para alimentá-las são questões cada vez mais insustentáveis.
A Formo pretende resolver parte do problema: queijo feito exclusivamente a partir de micróbios. Não vale a pena torcer o nariz e achar a ideia esquisita — qualquer queijo surge precisamente das culturas de bactérias que fermentam o leite.
A única diferença no projeto desta empresa alemã é mesmo tirar o leite da equação e manipular os micróbios para criar queijos de textura e sabor igual aos alimentos a que nos habituámos. Assim, dependeremos menos das vacas e, como consequência, reduziremos as emissões que causam, assim como o seu sofrimento. Esta start-up, de resto, não quer ficar por aí — o próximo passo é replicar ovos, num projeto chamado What Came Third.
“Cimento verde” parece uma contradição insanável. Não só este material é composto quase sempre por deprimentes tons de cinzento, como é uma indústria tão poluente quanto necessária. Porquê? Porque se a sua criação depende da extração de matérias-primas e a sua aplicação causa emissões, a humanidade ainda não encontrou um substituto melhor para o betão que serve para construir desde casas a hospitais, rápida e eficientemente. É aqui que entra a Cemvision.
Esta empresa sueca desenvolveu a tecnologia Re-ment, capaz de criar aglomerantes feitos a partir de resíduos industriais em vez do calcário virgem usado para o cimento comum. Desta forma, evita-se “a maior parte das emissões de CO2 do cimento”, como também “a extração de materiais”, como refere a Cemvision.
Além disso, estes suecos calibraram o seu processo de produção para eliminar as emissões normalmente resultantes de fabrico desta matéria. Tal como o cimento mistura-se com água e brita para criar as fundações de edifício, esta iniciativa une princípios de economia circular, conhecimento químico e ambição verde para construir um futuro melhor.
ZwitterCo — EUA
Parece escusado dizer que a água doce é o bem mais precioso do mundo, tanto pela sua importância para a vida, como pela sua escassez. No entanto, olhando para como a desperdiçamos, dir-se-ia que temos reservas infindáveis. A malta da ZwitterCo sabe que as coisas não são assim e, não podendo criar água do nada, pode pelo menos evitar que mais ainda se vai esvaindo, focando-se em recuperar águas residuais.
Esta startup do estado do Massachusetts deve o seu nome ao zwitterion, um composto químico que atrai a água mas repulsa outras partículas. Ora, criando membranas a partir destas moléculas, a equipa conseguiu criar um filtro de água altamente eficaz e não-poluente, que deixa passar o líquido, mas retém proteínas, gorduras e óleos. Assim, as suas aplicações são infindáveis, desde controlar descargas da indústria pecuária até recuperar água extraída a partir de indústrias mineiras.
É bem possível que já toda a gente esteja cansada de ouvir falar em Inteligência Artificial, mas, para o bem e para o mal, ela vai mudar as nossas vidas. Foquemo-nos no bem. As melhores aplicações da IA vê-la-ão a assumir tarefas ora complexas, ora aborrecidas, e completá-las com o máximo de eficiência possível — nós cansamo-nos, uma máquina não. Se juntarmos isso a um trabalho de monitorização ecológica, melhor ainda.
A empresa britânica Dendra especializou-se em sistemas de informação e utilização de IA para ajudar a conservar ecossistemas e a recuperá-los, se for esse o caso. Os seus drones permitem mapear terrenos e detetar infestações, espécies invasoras e processos de erosão, aconselhando quais as melhores decisões a tomar. Esta vigilância aérea também permite avaliar níveis de biodiversidade e de crescimento das árvores. Além disso, estes drones têm capacidade para carregar sementes e fazer ações de replantação em zonas de difícil acesso e evitando disrupções causadas pela atividade humana.
Conforme já foi acima mencionado, ainda estamos longe de viver numa sociedade sem necessidade de usar minérios ou outras matérias-primas retiradas da terra. Aliás, não sabemos sequer se isso será algum dia possível. Mas podemos trabalhar para que a sua extração seja o menos danosa e poluente possível — especialmente se pudermos plantar árvores enquanto o fazemos.
A Genomines é uma empresa francesa com uma proposta audaz: obter níquel, essencial à eletrificação, e outros metais a partir de plantas. O processo é tão engenhoso quanto aparentemente simples: ao modificar o genoma de certas espécies, maximiza-se a sua capacidade de reter metais presentes na terra. Ao identificar zonas ricas nestes materiais, em vez de abrir minas, criam-se plantações. Sem fazer uso de fertilizantes — o truque é criar um bioma que permita o seu rápido crescimento —, estas plantas ter-se-ão desenvolvido ao fim de alguns meses. A biomassa resultante, sujeita a processos como eletrólise, traz consigo esses metais de forma verde e pouco poluente.
Sacar metais ao poluir o planeta ao mínimo é excelente, mas não resolve tudo — estes materiais não são infinitos e o seu desperdício em aterros (ou pior) pode causar problemas tão ou mais graves que resultantes da sua extração. Olhe-se para o lítio que alimenta as baterias dos nossos telemóveis e que será fundamental para a proliferação de veículos elétricos. Recuperá-lo é um dos grandes desafios do futuro e é o que a tozero está a trabalhar para que aconteça.
Fundada em Munique, esta empresa tem como objetivo criar a principal fábrica de reciclagem de baterias de iões de lítio da Europa, focando-se em recuperar materiais como o lítio, o níquel, o cobalto, o manganés e o grafite de forma eficiente e sustentável. Desta forma, afirmam, não só permitirão que estes metais raros sejam reutilizados, como esta será também uma forma de reduzir a exploração e diminuir a dependência da sua importação. Como é que o conseguirão fazer, contudo, continua a ser um segredo por revelar.
Quando pensamos em algas, pensamos no mar. Seja as que vêm agarradas ao nosso fato de banho após um mergulho, seja as que adornam algumas das nossas peças de sushi preferidas. As suas aplicações são imensas, mas a Notpla conseguiu arranjar ainda mais formas de usá-as.
Empresa na vanguarda do embalamento, estes britânicos estão a produzir todo o tipo de packaging feito a partir de algas: embalagens de comida, pipetas de óleos para o corpo ou de condimentos para a comida, lenços, sacos de lavandaria e até talheres. Totalmente naturais, todos estes materiais dissolvem-se ao fim de semanas através de compostagem, sendo um antídoto à proliferação do plástico.
O problema do plástico é de tal ordem que vale mesmo a pena destacar duas empresas a debater-se com esta crise de frente. Desde as profundezas dos oceanos ao topo dos Himalaias, o desperdício plástico já chegou a praticamente todo o planeta (até mesmo dentro dos nossos organismos).
Limpar a quantidade vertiginosa de lixo espalhada pelo planeta é uma tarefa que ninguém consegue sequer conceber, mas começar desde já a reduzir a nossa dependência neste material é o outro pilar — esse sim, bastante mais concebível.
A traceless, empresa alemã, não cria plástico, mas parece. Os seus biomateriais resultam de resíduos de plantas da indústria agrícola, permitindo um aproveitamento circular ao mesmo tempo que cria utensílios como talheres e ganchos, ou aplicações como películas e revestimentos.
Tudo começa com um material granular, como se de pellets se tratasse, que depois pode ser convertido em toda a espécie de formatos, dada a sua flexibilidade e durabilidade. A empresa reforça ainda que o processo é feito sem recurso a substâncias tóxicas, pelo que também resulta na redução de emissões.
É certo e sabido que os aviões, apesar da comodidade e rapidez com que nos permitem viajar pelo mundo, são parte de uma indústria altamente danosa e disruptiva: poluição sonora, visual, aérea, é escolher. Mas será que podemos voltar atrás? Passar de novo a demorar o dobro ou triplo do tempo a chegar a um sítio, por mais que o comboio seja uma alternativa mais cómoda e ambientalmente sustentável? É uma discussão que permanece, mas há soluções em curso para tornar o transporte aéreo menos nocivo.
Veja-se o caso da Suécia, que tem 267,570 ilhas, 1000 das quais habitadas. Onde o comboio não chega, tem de ser o barco. Mas a Heart Aerospace quer oferecer viagens regionais no seu ES-30. Trata-se de um avião elétrico com capacidade para transportar 30 passageiros, possuindo um alcance de 200 quilómetros totalmente elétrico e sem emissões, chegando aos 800 quilómetros se transportar apenas 25 pessoas.
Não obstante todas estas soluções a serem magicadas enquanto lê isto, há quem acredite que temos de transitar para uma nova Idade da Pedra. Não, não se trata de caçar em grupo ou viver sem eletricidade. A UNDO vê nas rochas o futuro: mais concretamente, o futuro da captação de carbono.
O seu segredo está completamente à vista. A empresa britânica apenas acelera um processo que já existe na natureza: quando a chuva cai na atmosfera, junta-se durante esse processo com CO2 para formar ácido carbónico. Este, ao cair em montanhas, florestas e pastagens, entra em contacto com as rochas e o solo, com o carbono a mineralizar-se e a transformar-se em carbonato sólido.
O que a UNDO faz é espalhar rocha silicatada esmagada em terrenos agrícolas, aumentando a área de superfície da rocha e, por conseguinte, aumentando o seu contacto com o carbono. O resultado, demonstram, não só está no sequestro das emissões, como num aumento de produção agrícola, já que estes minérios enriquecem o solo. Há ideias que não valem um calhau — esta vale todos eles.
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Através da app, espera-se promover a diversificação alimentar e uma maior sensibilização para cultivar e consumir mais culturas subutilizadas, como é o caso das leguminosas,
Filmes da Disney, cassetes com as músicas que apanhávamos na rádio, CD que já não têm lugar nem no nosso computador. Hoje ficamos nostálgicos, mas
Este artigo aborda uma ação que promove a adoção de medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O ODS 13 também pretende melhorar a educação sobre mitigação das mudanças climáticas e redução de impacto.
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